sexta-feira, dezembro 30, 2005

O oitavo coração

Postado por Elisandro Borges

Bebeu o ultimo vinho, esvaziou o oitavo coração, anunciou atencipadamente a morte de uma geração. Tentou entender a sobrevivência de um amor em decadência, lembrando dos vasos quebrados e dos estilhaços espalhados pelo chão. E a vida passava como água de chuva escorrendo até o mais próximo e imediato bueiro, seguindo o seu curso por debaixo das ruas. E quando tudo der certo, perceberá que o desapego resultou na conseqüência de acertos importantes. Segue assim mesmo, antes que o medo paralise, porque na pior das hipóteses, o chão está lá pra todos, e se esse mesmo chão parecer faltar em algum momento, vai decifrar aos poucos quando sentir que ainda não terminou de cair. Esse medo é imaturo, mas a hora de mudar acaba chegando a tempo de prevenir um pesadelo. Intuição pode ser vital.

Ouça em alto e bom som: Straylight Run - Another Word For Desperate

Post servido pelo padeiro às 02:59am

| 0 comentários  

terça-feira, dezembro 27, 2005

Cau-bôi amigo

Postado por Elisandro Borges

– Nossa, agora eu entendo porque você usa essa bota de cau-bôi.
– Ô mané, né cau-bôi não, é cowboy!
– Não interessa, sua mãe me mostrou uma foto sua quando era pequeno com aquela botinha ortopédica. É por isso que você deve ser invocado com bota. Gosto é gosto. Fazer o quê, né?
– O problema é meu.
– É, realmente, e põe problema nisso! Problemão! Mental! Mentaaaaaaaal! Pelo menos você usa uma coisa útil. Olha o tamanho dessa fivela! Tudo isso é fome? Nunca vi neguim carregar prato de comida na cintura. Prato é apelido, isso é um caldeirão! Se o Luciano Huck te achar, cê tá feito, meu amigo! Feito bobo! Preocupa não, cê é cau-bôi, mas não tem culpa não. O importante é que amizade não tem preço, nem discriminação. Deixa eu cantar uma musiquinha pra você ficar calmo: “Ligues para mim um dia. Amigos para sempre é o que nós iremos ser, na primavera ou em qualquer das estações, nas horas tristes, nos momentos de prazer. Amigos para sempre! É o que nós iremos ser!!!”


Ouça nos fundos da sua casa: Amigos para sempre!

espirrado por Banditi - o cachorro às 03:16am

| 0 comentários  

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Aquele ano novo de novo... um pouquinho melhor

Postado por Elisandro Borges

Tá acabando minha gente. Tá acabando o ano. Lá se vai o ano véi de novo! A poeira que ficou não vai ser mais a mesma, vamos espanar o que sobrou de velho por aqui. Considerações à parte, acho que também vou ter que dar uma espanada em mim mesmo. Que venham mais coisas boas, e ano novo geralmente é sempre um pretexto razoável pra renovar o otimismo por vezes sufocado na correria da rotina, seja de trabalho ou estudos, seja lá o que for.

O que importa é que os ponteiros continuam cumprindo o passo do tempo, o globo girando, as pessoas passando ou ficando em nossas vidas, e disso a gente deve tirar algum proveito, aprender ou desaprender, acertar nos hábitos. Pessoas... Elas fazem muita diferença sim. Por mais que o contato não seja tão freqüente, ninguém esquece um amigo de verdade. E amigos de verdade também somem por um tempo, mas sempre acabam aparecendo ao menos no final da novela. Aproveitando o post passado e o documentário assistido, como dizia Vinícius, “amigo a gente não faz, reconhece”.

E a vida é essa, uns casando, outros nascendo... não que casar seja sinônimo de morte, que isso! Casar deve ser bom, assim como ruim também, e a vantagem ou desvantagem é que a gente vai necessariamente ter aquela pessoa ali, ela é sua agora, pro que der, pro que não der ou vier, você guarda até o recibo, aliança brilhando no dedo e ainda ganha uma família novinha em folha de lambuja.

Espero boa sorte a todos, aos solteiros e casados, aos bebuns e aos santos (santo também precisa de muita sorte pra dar conta de tanta azucrinação do povo). Boa sorte a sorte, que ela tenha muita sorte pra deixar o nosso bolso sortudo, cheio e feliz... Bolso significa muita coisa também! Pode significar uma parte da roupa, de repente um porta-trocado, ou às vezes só um buraco pra esconder a mão na festa do amigo do primo do vizinho do conhecido da esquina ao lado, agrado típico de boa vizinhança.

No mais, o ano tá acabando, parabéns ano velho, você se foi, mas tirei umas fotinhas pra ficar na recordação. Os amigos continuam, e que fiquem por muito tempo, sem prazo de validade, e com aquele quinhão de tolerância pra garantir que tudo vai seguir em frente mesmo se houver um desentendimento ou outro. A satisfação é sempre nossa! Feliz natar, e aquele ano novo de novo! Só que melhor um pouquinho, né?


Ouça em alto e bom som: Manic Street Preachers - A Design For Life

espirrado por Banditi - o cachorro às 04:00pm

| 0 comentários  

sábado, dezembro 17, 2005

O mestre Vinícius

Postado por Elisandro Borges

“Quem pagará o enterro e as flores se eu morrer de amores?” O documentário sobre Vinícius de Moraes dirigido por Miguel Faria Jr. é simplesmente capaz de tocar até o mais bruto dos insensíveis e de fazer seu coração palpitar pela vida. Diplomata, boêmio, músico, poeta... tudo em uma só pessoa. Amou como nunca as nove mulheres que passaram por sua história e alimentaram a paixão que o movia, que o inspirava como nunca (Aff, chega de falar como nunca!). Vinícius sem paixão não era Vinícius. Poesia do início ao fim! Assistam o documentário, não importa o seu estilo musical. Imperdível!

Ouça em alto e bom som: Vinícius de Moraes - Dia da Criação

espirrado por Banditi - o cachorro às 02:45am

| 0 comentários  

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Papai Noel

Postado por Elisandro Borges

Papai Noel? És tu, bichão? Não acredito! Mas o que é que o senhor tá fazendo aqui, o Natal nem chegou? – Eu vim roubar sua casa! – Êpa!!! Peraí! Não é bagunçado assim não! Que diabo é isso? Papai Noel assaltando a casa dos outros?! – É, meu amigo, vai me desculpando aí, mas a situation tá braba! E se eu fosse você, eu colaborava, senão meto bala! – E desde quando o senhor mete alguma coisa, ainda mais em mim, tá maluco! – Cala boca! Passa a árvore de natal!!! E os presentes também! – Como assim? – Chega de perguntinha idiota, anda logo, passa tudo que eu tô com pressa, ainda tenho que assaltar o vizinho! – Aff!!! Eu mereço mesmo!

Ouça em alto e bom som: Tom Waits - Christmas Card From A Hooker In Minneapolis

espirrado por Banditi - o cachorro às 03:47pm

| 0 comentários  

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Nada não

Postado por Elisandro Borges

Hoje eu vou deprimir. Deprimirei hoje, à meia noite. Vou me esconder debaixo da cama, aliás, como eu não tenho uma cama, vou esconder debaixo da cama da minha irmã caçula. Desliguem as luzes, por favor, nada de holofotes ou velinhas. Tirem todos os carros da rua. Só o silêncio por algumas horas. Só o silêncio. Nenhuma música (mentira), se possível um barulho de chuva. Se a chuva não voltar, vou ver se consigo baixar qualquer coisa parecida na net e deixar tocando sem parar. Hoje eu não quero fazer a barba, nem olhar pro espelho, e nem me fazer perguntas existenciais ou desistenciais. Não quero saber quem sou, o que sou, pra onde vou e o que estou fazendo aqui. Não quero saber de mais nada disso. Só por enquanto, não quero saber de absolutamente nada, nada menos nada dividido pelo que sobrar = nada. Geralmente minha cabeça segue o meu coração e se ele explode, ela vai em anexo. Deixa eu me esconder agora.


Ouça em alto e bom som: B.B. King - The Thrill Is Gone


espirrado por Banditi - o cachorro às 11:08pm

Marcadores: | 0 comentários  

domingo, dezembro 04, 2005

O que as formigas fazem, mas ninguém vê...

Postado por Elisandro Borges

É, tem horas que a gente leva a vida a sério demais, depois ela fica brava e machuca a gente. Então, vou aproveitar pra fazer uma observação, na verdade é mais um desabafo. Quem foi que disse que formiga faz bem pra visão? Só pra se ter uma idéia, esses dias me deparei com uma barata morrida, isso, ela tava MORRIDA mesmo, assim, aquele cenário deprê, jogada ao chão com um monte dessas formiguinhas devorando a bicha. Ô, porqueira! Formiga come barata! Dessa eu não sabia. E depois de encher o bucho de barata, elas vão lá nadar no açúcar que a gente usa. Afffff! É cada uma...

Ouça em alto e bom som: Rollins Band - Liar (download)

espirrado por Banditi - o cachorro às 03:02am.

| 0 comentários  

quarta-feira, novembro 30, 2005

Parece com chuva...

Postado por Elisandro Borges

"Eu consigo perceber que você tem o gosto do céu, porque você parece com chuva".
"I can tell you taste like the sky, 'cause you look like rain" - Morphine.

Ouça em alto e bom som: Morphine - You Look Like Rain (download)

espirrado por Banditi - o cachorro às 04:42am.

| 0 comentários  

segunda-feira, novembro 28, 2005

Dezembro de 83

Postado por Elisandro Borges

- Joga esse bico fora! - Quando eu tiver 5 anos, eu jogo. 08 de dezembro de 1983, o bico foi pro espaço. Isso já é um começo.

Ouça em alto e bom som:Jack Johnson - Lullaby

espirrado por Banditi - o cachorro às 3:34pm.

| 0 comentários  

quarta-feira, novembro 23, 2005

Sazon

Postado por Elisandro Borges

Disseram que os homens aprendem a amar a pessoa por quem se sentem atraídos e as mulheres sentem-se cada vez mais atraídas pela pessoa que elas amam. O que é o amor, afinal? Queria poder definir esse sentimento em poucas palavras, queria deixar tudo isso muito simples e claro. Cansei de ouvir tanto clichê. Cansei de falar sobre sentimentos e afins. Também cansei de ser uma pedra por dentro, pelo menos se fosse uma rolante não criaria tanto limo. Esse lodo que se formou aqui dentro já está me incomodando.

Por mais cansado que eu esteja de falar sobre relacionamentos, ainda me resta uma discreta sobra esquecida no fundo da panela quase que enferrujada e abandonada nas profundezas daquele tão judiado armário – meu coração. O tempo vai passando e a gente ficando velho. Acho que é na velhice a melhor fase do amor, ou do comodismo, diga-se de passagem. Amar faz bem sim, não deixem de amar! E eu? Eu amo a minha cama. Amo!

Boa noite! Seja qual for a hora...

Ouça em alto e bom som: Black Rebel Motorcycle Club – Weight of the world

espirrado por Banditi - o cachorro às 04:56am.

Marcadores: | 0 comentários  

segunda-feira, novembro 21, 2005

Soundtrack - 17 faixas

Postado por Elisandro Borges

Archive - Lights

Dave Matthews Band - Gravedigger



Filter - Hey Man, Nice Shot



Gotan Project - Época

Gotan Project - Santa Maria

Gotan Project - Queremos Paz

Hooverphonic - 2wicky

Interpol - Pioneer to the Falls

Katia B - Descontrole

Katia B - Só Deixo o Meu Coração na Mão de Quem Pode

Lovage - Stroker Ace

Morphine - Buena

Ruth Brown - I don´t Know

Seven Dust - Live Again



Urge Overkill - Dropout

Yeah Yeah Yeahs - Down Boy

Youssou N'Dour & Neneh Cherry - 7 Seconds

| 0 comentários  

sábado, novembro 19, 2005

Cabecinha

Postado por Elisandro Borges

Não sei onde pus o relógio, nem a cabeça. Acho que vou ter que dormir sem ela também. Me resta a intuição ou a sorte. Preciso do relógio, da hora certa. Cadê minha cabeça? Será que esqueci de tirar ela de lá?

Ouça em alto e bom som: Badly Drawn Boy - Silent Sigh

| 0 comentários  

quarta-feira, novembro 16, 2005

O velho e simples bom

Postado por Elisandro Borges

Eu procurava entre as pessoas. Não sentia isso antes. E nem podia sentir, estava apegado demais às preocupações do mundo. E esse era o melhor tempo, o melhor horário, era a pausa, o minuto que faltava. Quero colecionar sentimentos bons, quero os indefinidos... indefinidos por não precisarem de rótulos específicos, a não ser o velho e simples bom, que acaba ficando melhor se a gente permite. Guardava cada estrofe, imagens e sons de toda sorte, de qualquer segundo sagrado que pudesse ser imortalizado. E os versos ficavam ali à nossa volta, simplesmente pairavam porque a noite estava lá, intacta, maravilhosa... do jeito que eu sempre quis.

Ouça em alto e bom som: Manu Chao - Bongo Bongo

| 0 comentários  

segunda-feira, novembro 07, 2005

Seco e quebradiço

Postado por Elisandro Borges

"Então, minha querida Amélie, você não tem ossos de vidro. Pode suportar os baques da vida. Se deixar passar essa chance, com o tempo seu coração ficará tão seco e quebradiço quanto meu esqueleto. Então vá em frente, pelo amor de Deus".



Ouça em alto e bom som: Fiona Apple - On The Bound

| 0 comentários  

quinta-feira, novembro 03, 2005

As barangas também amam

Postado por Elisandro Borges

Seus olhos marejados de dor, me fazem pensar no amor. E sua pele nutrida de furinhos me lembram um queijo minas que papai trazia de Araxá. Como era bom encher o seu rostinho de coca-cola e sugar o restinho que sobrava nas pequenas crateras causadas pelas espinhas-monstro. Ai, baranga! Saudade de te ver correndo de braços abertos e flagrar as manchas de suor que ficavam expostas em seu vestido discreto, cor abacate. Sua graça, seu andar pesado e recheado de charme! É o começo! O começo de um amor sublime. O amor que supera a barreira da feiúra. Meu amor, não existe a feiúra em si, mas sim a proprietária desta. Ser dona de uma feiúra tão esplendida não é pra qualquer pessoa. É por isso que te amo, baranga! É porque sou egoísta demais e prefiro comer uma sardinha sozinho a ter que dividir uma lagosta. Vem me amar no mar! Vamos rolar na areia quente, quero ver você pelando, toda empanada, só pra mim. Sorria, sorria... Estarei aqui pra você, só pra você, minha baranga do agreste!

Ouça em alto e bom som: Dave Matthews Band - Gravedigger

| 0 comentários  

quarta-feira, novembro 02, 2005

Vamo iscrevê direito!

Postado por Elisandro Borges

Eu num sei iscrevê direito, mas o priberam me ajuda! Esse é bão!

Ouça em alto e bom som: Days of the new - Touch, Peel and Stand

| 0 comentários  

terça-feira, novembro 01, 2005

Estuprar o seu pudor

Postado por Elisandro Borges

A vida tá passando rápido demais, não é? Te vejo amanhã, depois que tudo passar e ainda vou encontrar sua cara amassada me olhando fundo. Te vejo amanhã com aquele gosto amargo cheio de sede e com vontade de alguém sem saber quem, mas ainda com a vontade de te ver, ver quem é você. Vontade de qualquer coisa que seja você, vontade de entrar em você, de estuprar o seu pudor! De pegar onde você não deixa, assim, em público mesmo, foda-se! Te apertar contra a parede e não deixar outra alternativa. Vontade... Mas você não está aqui, só escrevo porque lembro. Quem é você? Eu não sei. A gente mal sabe da gente.

Ouça em alto e bom som: Placebo - Special k

| 0 comentários  

quarta-feira, outubro 26, 2005

Puta querida

Postado por Elisandro Borges

Querida puta,

É com muito carinho que venho lhe escrever estas palavras. Muito obrigado pelo colo, obrigado pelas aulas de filosofia, pelos porres e por todo o companheirismo. Obrigado por me tirar a virgindade aos tenros nove aninhos e me ensinar que o ponto G é pura bobagem, mentira das braba. Obrigado por me convencer a não me apaixonar assim tão à queima-roupa, isso aprendi ou pelo menos acho que aprendi com você, querida puta. O que acontece se eu me apaixonar, puta querida? Obrigado por me mostrar que toda mulher, no fundo é carente e precisa de palavras gentis, jantares em bons restaurantes, cinema, papo agradável e boa companhia, e que jamais posso chamá-las de puta, ainda que assim sejam na cama, e claro, é sempre muito bom ter uma puta safada na cama e uma mocinha segurando nossas mãos lá fora, e que elas sejam a mesma pessoa de preferência. Puta, eu sou seu fã! Vamos passear por aí, ler bons livros e conversar sobre relacionamento, o que acha? Mas por hoje é só. Desejo-lhe do fundo do meu calção, muita putaria, alegria e sabedoria! Tá vendo, como rima? Um beijo bem michê pra você, queridona!

Ouça em alto e bom som:
Jem - Missing You

Marcadores: , | 0 comentários  

terça-feira, outubro 25, 2005

Folhas ao vento

Postado por Elisandro Borges

Ela olha para o chão, amarra seu cadarço e continua. Olha pra rua e decide atravessar enquanto todos os carros passam, e assim ela faz, atravessa em meio a buzinas e pequenos arranhões. Chega em casa e toma todas as possíveis pílulas do armário que ali estavam escondidas de qualquer imprudência e deita à espera de um sono que a levasse pra outro lugar. Ela quer a morte, mas a morte não lhe quer. O mundo deixou de ter sentido no dia em que percebeu que era só uma criança num corpo de mulher. E as pessoas ao seu redor eram surdas, cegas e mal podiam sentir seu tormento mudo. Ela queria morrer, mas tinha medo da dor, do amor, medo de acordar sozinha, medo de ser um erro, medo de ter que se ver no espelho sem maquiagem, medo de mulher, medo do abandono. Ela se levanta e chega até a janela. Lá embaixo só folhas de outono deslizando ao vento, nada mais além do vento e das folhas - vazio ensurdecedor.

Ouça em alto e bom som:
311 - Beautiful Disaster

| 1 comentários  

sábado, outubro 22, 2005

Só se for com você

Postado por Elisandro Borges

Vamos brincar de cuidar um do outro? Vamos. E como é que se brinca disso? Eu não sei, isso é coisa de gente grande. E quando você crescer, vai casar comigo? É claro que sim. A gente só não casa agora porque não pode, a gente só pode brincar, casar é pra depois. A gente descobre o amor e é tudo o que importa no final, ou no início, ou no meio. Foi minha mãe que disse. E o seu pai vai deixar? Vai sim, mas ele disse que tem que tem que ser com você, só se for com você. A gente vai ter filhos? Lógico que vai! Por quê? Ah, só pra saber, porque deve levar um tempão pra encomendar um, num é? Sei não, e outra, não acredito em cegonha, não. Então de onde é que a gente veio?

Ouça em alto e bom som:
The Devlins - Where are you tonight

| 0 comentários  

sexta-feira, outubro 21, 2005

O último pingo

Postado por Elisandro Borges

Não adianta, o útimo pingo é sempre da Cueca!

Ouça em alto e bom som:
Dresden Dolls - Missed Me

| 0 comentários  

segunda-feira, outubro 17, 2005

Só quando tudo acabar

Postado por Elisandro Borges

Quero ficar o dia e a noite inteira sem dormir. Porque tudo passa muito rápido e não quero mais perder nenhum segundo. O fim de semana chega e passa com uma pressa de deixar qualquer um sem entender. Essa pressa do fim de semana é a mesma pressa que a vida passa. E as pessoas se casam, têm filhos, se mudam pra outras cidades e às vezes mudam pra dentro de si mesmas e por lá ficam. O mesmo tio que você trocou aquela idéia ontem, pode nunca mais te ver de novo.

E a gente dorme. E acorda. Quando vê, muita coisa se transformou, sei lá, aquele amigo seu fodão que comia todas, resolve inverter os pólos, ou aquela vizinha fã do Judas Priest que do nada aparece pregando A Palavra e arrastando fiés pra mais nova igreja do bairro. Ou você mesmo, cabeludo um dia e careca no outro, porque os cabelos caíram.

Certezas, distâncias, dúvidas, farras, noites, bares... E claro, um cinema pra sonhar. E depois que você sonha, acorda de novo e vai. Continua, toma aquele café da manhã com a cara toda amassada, olha pra fora e segue. Mais um dia. Não quero dormir. Quero ver o dia amanhecer, quero ver o pôr do sol. Quero ver minhas sobrinhas crescerem, de repente até ter os meus próprios filhos. Não quero mais dormir. Pelo menos por enquanto. Dormir? Só quando tudo acabar.

Ouça em alto e bom som:
Interpol - Take you on a cruise

| 0 comentários  

segunda-feira, outubro 10, 2005

Diários de Motocicleta

Postado por Elisandro Borges

Trecho do filme Diários de Motocicleta:
“Escutei os pés descalços na lama, e vi os rostos emaciados de fome. Meu coração era como um pêndulo entre ela e a rua. Não sei com que força me livrei de seus olhos, me safei de seus braços. Ela ficou, afogando sua dor em lágrimas, atrás da janela e da chuva”.

Ouça em alto e bom som:
My Chemical Romance - The Gost of You

| 1 comentários  

quarta-feira, outubro 05, 2005

Te faço outra vez

Postado por Elisandro Borges

Pausa. Nada por aqui agora. Nada mesmo. A não ser um monte de interrogação sem início ou fim. Muita coisa muda de lugar, de temperatura, de forma, de interesse, e não pára. Amanhã você pisa em terra firme, uma hora em ovos. É seguro e confortável quando o medo te esquece. Era tudo tinta fresca e você queria fazer arte com esponjas e mãos. E o cheiro de tinta nova te dava vontade de comer patê de atum, que engraçado, não conheço ninguém assim. E você não existe, porque fui eu quem criou tudo, e arrumou, derrubou, quebrou, colou de novo...

Uma personagem pra me fazer rir, gozar, sonhar, acreditar e tentar de novo. Uma personagem sutilmente dependente de mim e ao mesmo tempo completamente livre pra ser o que pudesse ser e até o que quisesse. Me lembro quando você se escondeu na sacada e sem querer se apoiou no vaso que sua tia trouxe de Bombarral e foi inevitável. Dessa vez não tinha mais onde se esconder.

Mas vieram outros vasos. E outros... e outros tantos. Consigo ouvir os estalos até hoje. Agora você é uma mulher. Vi você crescer comigo, e sempre onde o peito bate mais forte. A minha melhor personagem, porque nunca abandona ou se deixa esquecer. Você não é como elas que se ferem e nunca mais se curam de seus cortes. Você perdoa e entende, se diverte com as chatices dos homens comuns e me faz chorar porque a barriga dói de tanto rir, ou me deixa sem graça quando a lágrima vem com soluço. Você não existe nesse mundo, meu amor, não existe mesmo. Só eu posso te ver e te ter. Só eu. Com esponjas e mãos, eu te faço outra vez aqui dentro.

Ouça em alto e bom som: Radiohead - Talk Show Host

| 0 comentários  

domingo, outubro 02, 2005

Culhões

Postado por Elisandro Borges

Eu não bebo, não fumo, não trepo... E outra, eu não preciso mentir. Não assisto televisão, não saio nas ruas e nem xingo a banda Calypso. Sou um cara legal, gosto de pisar em poodle sem querer e depois pedir desculpa pra dona do bichinho. Não sou preconceituoso, não discrimino ninguém, sou amigo de bandidos, polícia, puta, celebridade, pastores, cantores, vigias de carro, presidente da república e da Derci Gonçalves também. Sou uma gracinha, não falo mal de nada e nem de ninguém, nem caio no deslize de cometer pecado algum, aliás, pecado uma ova. Acho religião um cocô que gruda na sola do pé, e é muito chato conversar de religião ou política. Mas como já disse, sou uma gracinha e acho que a religião e a política moram na mesma vizinhança. Gosto de todo mundo, gosto de todos os tipos de pessoas. Amo todos os seres do céu e da terra! Humanos ou umanos, inteligentes ou indiotas. E um dia desses ainda vou segurar meus culhões de mão cheia em praça pública e gritar: Diretas já! E se eu for a algum show de heavy-metal, quando a música parar quero ser a primeira voz a bradar: Toca Raú!

Ouça em alto e bom som: Travis - The Fear

| 0 comentários  

domingo, setembro 25, 2005

Sempre tão nosso

Postado por Elisandro Borges

Sentamos à noite lá no quintal de casa naquelas cadeiras que reclinam, assim olhando pro céu e pensando na vida. Aos 7 anos de idade poderia não ser tão sério pensar no futuro, ou no que seríamos quando grandes. O que tínhamos ali era o bastante, porque a gente sabia sonhar com muita facilidade e voar era tão fácil, bastava imaginar. E ríamos como nunca. O mundo sempre tão nosso, sempre tão bonito e sem manchas. Era o nosso mundo e isso era tudo o que importava. E ainda importa.

Ouça em alto e bom som: Barfly - Thoughts I had in mind

| 2 comentários  

terça-feira, setembro 20, 2005

Ininterrupto

Postado por Elisandro Borges

Ela saiu correndo assim deixando tudo cair sem olhar pra trás e a chuva não parava de molhar o seu corpo tomado de suor e misturado ao choro sem tempo de ligar os fatos ou racionalizar sentimentos ao fugir apenas e ao correr desesperadamente porque quis se salvar e gritou por tudo e sentiu a distância em seu peito ao ter que ser forte mais uma vez e ao mesmo tempo sorrir pensando no futuro e também lembrar do que era contrário à sua vontade quando quis por um instante esquecer que tudo era pra ser como tinha que ser.

Ouça em alto e bom som:
Snow Patrol - Somewhere a clock is ticking

| 0 comentários  

quarta-feira, setembro 14, 2005

Um pelo outro

Postado por Elisandro Borges

Respondemos um pelo outro. Respondemos parte à sociedade, parte à família. Pelos porres, pelas noites mal dormidas e incrivelmente bem vividas. Respondemos pelos nossos atos, pelas gafes, pelos desencontros, ciúmes e gastos. Respondemos pela ambigüidade dessa amizade onde o parâmetro é praticamente nulo, respondemos, sim, com perguntas prontas e previsíveis. Pelas conversas sérias sobre planos de negócios, pela mudança que está por vir e por todas as diferenças.

Respondemos pelo cd emprestado que ficou pegando poeira na gaveta, pela meia deixada no meio da sala, pela toalha de sempre molhada em cima da cama - e o que isso tem a ver? Sei lá - respondemos pela liberdade de se ter um nariz e poder dizer que é nosso, pela descoberta nua da intimidade a dois. Pela destruição no McDonalds depois do regime prometido e constantemente adiado. Somos responsáveis pela compreensão míope, é verdade, por um minuto de descuido desviamos um do outro e quase nos perdemos. Somos também responsáveis pela hipocrisia tão evitada teoricamente e praticada na despretensão do inconsciente, e se mesmo sabendo disso não admitirmos, seremos hipócritas por duas vezes ou mais. E o pior é que já fui. Seu hipócrita!


Somos responsáveis por tudo isso. Responsáveis por satisfações razoáveis que possam ao menos preencher parte do vazio temporário da curiosidade alheia e ainda ter a coragem de dizer que não devemos nada a ninguém - mas eu tento, eu juro que tento não dar satisfações ao mundo. Somos a estranheza de ser e a falta de regras bem ditadas. Somos cores básicas e músicas parecidas em nossos carros velhos, sujos e vermelhos. Plagiamos palavras carinhosas pra tratar um do outro e lutamos pra provar o respeito. Respondemos um pelo outro. Sim, respondemos. Um tanto quanto, um pelo outro.


Ouça em alto e bom som: Stereophonics - Mr. Writer

Marcadores: | 0 comentários  

domingo, agosto 21, 2005

As maiores de todas as boas ilusões

Postado por Elisandro Borges

São um monte de coisas, coisas que trazem os melhores pedaços, as maiores de todas as boas ilusões. Temos essas boas ilusões. É bom, sim, é bom viver das boas ilusões, elas sempre ajudam a viver melhor, percebi isso. Percebi que é perfeito tudo que possa reunir pessoas com interesses em comum. Mas também sei que as pessoas alheias ao nosso mundo também são de alguma valia. São tantos os jeitos de se gravar o que se importa, o que é bom... Nunca valeu à pena qualquer desentendimento ou troca de desamores. Engraçado, não sei por que, mas voltei a pensar sobre o amor. Jamais fui o cara de fazer amorzinho. Parece que trepar sempre foi muito mais interessante pra mim, mesmo sob o torpor de um amor recente. Nunca fiz amorzinho. Não me venha com pudores, até o word quis consertar o meu “trepar”. Veio me dizer que trepar é um ato de plebeísmo e que eu não deveria usar palavras de baixo calão em meus textos. Sem problemas, eu desconsidero a deixa, mas amorzinho, por favor, fazer amorzinho não. Tudo bem, já rasguei o verbo, mas essa não é a intenção. A intenção é entender as boas ilusões. A intenção é lavar a alma com a vida extraída de seu melhor ângulo, ainda que relativo ou divergente. Por isso temos os afins. As pessoas, coisas, gostos, costumes... Que bom. Sobram as escolhas, então.

Ouça em alto e bom som: Cowboy Junkies - Sweet Jane

| 0 comentários  

terça-feira, agosto 09, 2005

Descobri que a fidelidade é uma ficção. O sexo, sim, o sexo... O relacionamento entre duas pessoas é uma prisão possivelmente voluntária, é restrição, dedicação e confinamento mútuo com intenções de bem-estar. É uma arte torta, com tintas aleatórias à nossa disposição. Os tabus são as rédeas do nosso passado. Ah, os tabus... As opiniões são divergentes, mas às vezes esbarram na unanimidade. E unanimidade me lembra massa. A massa não costuma pensar, a massa geralmente acata o que já foi pensado.

Fidelidade? Qual? Os que desejam uma só pessoa, no fundo se reprimem, se reprimem em nome da boa imagem, em nome do suposto respeito. Acho que eu sempre fui esse passado, será que me resta alguma mudança? Talvez seja estranho amar alguém e comer todas as iguarias humanas que te fazem salivar, mas essa é uma realidade abafada por muitos. Don Juan faria, claro, como já foi citado por ai, correto? E isso parece prático agora, amar uma e comer todas... Aliás, amar é coisa rara, raríssima, diga-se de passagem. Esse é o perfil de muitos homens e de mulheres também, elas, justamente as mais corretas e metódicas, quem diria? Temos muito moralismo pra pouca atitude. Na verdade, muito falso moralismo regrado de mentiras gratuitas.

Todos querem diversão, querem muito mais, e isso também é vital. Outros falam de responsabilidade, planos, filhos e um teto pra guardar a cumplicidade... E no fim das contas, lá dentro todos são vazios e cada um sabe ou ao menos busca a melhor forma de preencher a pieguice do vazio. – Pause – Agora, por favor, seja qual for a situação, não me peçam pra freqüentar suas igrejas, gosto e admiro boas amizades, mas dispenso as igrejas, não me levem a mal. Menciono igrejas porque alguns acreditam muito em regras e acham que lá terão mais chances de encontrar a pessoa certa. Eu desconsidero esse pensamento. O óbvio, pelo contrário, é difícil de ser enxergado e engana muita gente. A proibição do prazer sem compromisso só incita a curiosidade. E a curiosidade proibida é apenas mais um prato cheio a ser degustado mais tarde. Não adianta proibir. O desejo, ainda que sob influências, é livre, e só quem o sente pode decidir o que quer pra si. – Play – Encontrar a pessoa certa... Certa pra qual propósito? Casamento? Trepadas casuais? Amizade? Companheirismo? Afinal, o que é certo então? Certo ou errado, é regra demais pra minha cabeça.

Ouça em alto e bom som: Muse - Uno

| 0 comentários  

terça-feira, julho 26, 2005

Hummm...

Postado por Elisandro Borges

Sonho de valsa e uma água gelada depois. Hummm...

Ouça em alto e bom som: Tracy Chappman - Give Me One Reason

| 0 comentários  

domingo, julho 24, 2005

A noite é um embrião

Postado por Elisandro Borges

“A noite é um embrião, ainda nem virou criança”. Então, pra quê tanta pressa? Não existe pressa hoje, porque o tempo está garantido e o domingo vai amortecer qualquer queda. Quanta vida, hein? O sol voltou, o ar é mais leve... E o céu foi feito pra ser visto também. Eu só precisava dizer isso. Quero brincar com as cores e pintar as paredes, mas não se esqueça do jornal, que é pra proteger o chão. A vida é nossa por direito. O nosso dicionário também aceita novos ajustes, as palavras, frases e livros, aceitam novas interpretações.

Vamos ler a nossa história. Vamos começar a escrever de novo, por um outro ângulo, pelo melhor ângulo, pelo ângulo no qual nosso peito bate mais forte. Ouve só quanta música! Ouve só! Quanta gente! Quanta gente! E todos observam as pessoas inéditas que por ali passam, todos observam calados, tímidos, curiosos, interessados. Há sempre o melhor lugar e a melhor hora, o papo mais agradável e o sono ininterrupto. Há os que têm férias e os que fazem férias, os que vivem e os que descansam. Os dias serão iguais se você quiser, só se você quiser e permitir. Traz aquela caneca de alumínio, não sei por que, mas com ela o gosto fica mais geladinho. Eu quero beber dessa água com todo o gosto, quero com todo o gosto.


Ouça em alto e bom som:
Red Hot Chilli Peppers - Don't Forget Me

Marcadores: | 0 comentários  

quarta-feira, julho 20, 2005

Dias perfeitos

Postado por Elisandro Borges

Se eu soubesse que o dia seguinte seria o melhor da minha vida, eu nem iria conseguir dormir de tanta ansiedade. Eu levaria também pra esse dia, uma máquina fotográfica pra congelar os melhores minutos e faria um mural imortal, pra ficar na história que uma vez eu tive um dia perfeito, e que dias perfeitos são possíveis na medida que nossos olhos podem ver. Faria então, com que todos os outros dias pudessem ao menos parecer com aquele modelo que guardei com tanto carinho, o modelo que sonhei e que me faria acreditar que sonhos se realizam, mesmo que meu peito falhasse e a dor visitasse.


Marcadores: | 0 comentários  

terça-feira, julho 19, 2005

Pirulêtas diagonais só pra surtar

Postado por Elisandro Borges

Quero fazer xixi, tô apertado. Êpa, homem não faz xixi, homem mija. Ah, vai catá coquim! Eu quero assistir o show de calouros do Silvio Santos. Sabia que o Chico Anísio já foi jogador reserva do botafogo e que ele era nadador e sempre chegava em segundo lugar? Nunca ganhou em primeiro, sempre em segundo. Ah, ele também é compositor musical. E o Raul? Quem, o Gil? Já tenho um monte de fitas do Raul Gil. É legal, auto-astral, genial, fundamental! Olê mulé rendera, olé mulé renda, tu me ensina a fazê renda, que eu te ensino a namorá.

Ouça em alto e bom som: Mulé Rendera

| 0 comentários  

quinta-feira, julho 14, 2005

Ai

Postado por Elisandro Borges

Olha só essa voz esmagada que quase não consegue falar. Ela tá esmagada porque o coração anda apertado. Ele anda apertado, espremido, à eminência de uma claustrofobia. Ai, meu peito, ai, meu peito. Eu pensava que emoção tinha inteligência. Será?

Ouça em alto e bom som: Coldplay - In My Place

| 0 comentários  

sábado, julho 09, 2005

Sala

Postado por Elisandro Borges

Agora faz frio. Que milagre frio em Goiânia. Acho que a velhice chegou cedo por aqui. Em vez de querer sair pra tomar um vinho, a vontade que dá é ficar em casa quieto, me abrigando do frio, ouvindo música, lendo o que for. Não sei o que foi feito da minha vontade de querer sair, de ver pessoas. Não tenho vontade de ver ninguém. E quando vou ao cinema, é assim, à minha própria companhia. Tenho feito sala pra mim mesmo e percebo que essa foi uma opção. Que frio. Que vento frio.

Ouça em alto e bom som: Dido - Honestly Ok

| 0 comentários  

domingo, junho 26, 2005

Dias de sol

Postado por Elisandro Borges

Mesmo sós, no fundo somos de alguém por um tempo ou pro resto da vida. Somos, nem que seja vagamente, por um pouco, de leve, vez ou outra. Sempre existe ao menos um resquício de amor na vida de cada um. Você viaja, conhece pessoas, mas acaba que existe alguém que te faz a cabeça, por mais impossível que seja esse alguém, por mais que você queira fugir e se esconder. Quero continuar me escondendo do mundo ou de outros amores, sei que estou perdendo o juízo, se é que ainda existe algum por aqui. Preciso de tempo pra me curar, talvez seja uma porção, um espaço de tempo por si só.

Eu sei, me divirto, também tenho meus dias de sol, tenho bons e memoráveis acessos de riso, tenho meus dias de trégua e tequila. Tenho os dias de macarronada com os amigos, tenho o cansaço satisfatório pós-expediente. Tenho planos bobos, mas significantes para que minha vida siga adiante. Tenho os acordes que me fazem fechar os olhos e abrir a alma, tenho cinema e pipoca. Tenho frio e calor necessário. Tenho o barulhinho de neném-sobrinha pertinho de mim tentando balbuciar qualquer coisa. Tenho o descanso de domingo, o sábado à tarde, telefone e e-mail. Tenho saúde. Amor não é vão, amor não é em vão...

Ouça em alto e bom som: Papas da Língua - Um dia de sol

| 0 comentários  

quinta-feira, junho 23, 2005

Homofobia

Postado por Elisandro Borges

Você tem algo a dizer? Não. Você anda tão sem inspiração, o que foi que te aconteceu? E se a pergunta fosse: O que foi que não aconteceu? Seus sapatos estão todos gastos, pelo menos quase todos. E os livros que você não terminou de ler? E as pessoas que você parou de ver nesses últimos meses? E os e-mails que você não tem retornado? E os convites recusados? Me fala então o que é que te agrada na solidão. Ficar só te dá paz? Será que é isso que você precisa? Ficar só? Você não sente falta de ver gente?

Ouça em alto e bom som: Rita Ribeiro - Contra o tempo

| 1 comentários  

domingo, junho 12, 2005

Tremor

Postado por Elisandro Borges

Sei que se eu olhar pro nada e ele olhar pra mim, vou escutar esse espaço em branco me perguntar: Quem é você? E eu pergunto o mesmo: Quem é você, espaço em branco? E ele responde: Sou a sua dor latente que se esconde em você. Mas eu não te vejo, às vezes sinto algumas pontadas, certo, sinto, mas não me acerte mais, o gosto cansado de choros passados já me basta a memória. Já me basta o sabor de pedras engolidas. Nem o espaço em branco pode me enxergar mais, porque desapareci como efeito alfa em flash reduzido a zero. Eu volto já. Vc demora? Não, eu volto como sempre, mesmo que um pouco diferente, eu volto como sempre, sei que volto. O tremor abalou, mas eu volto mais forte. A gente precisa ser mais forte, pra viver melhor. Aprender também. E aprendo. Vou aprendendo... Vivi e sei, errei e vivi, morri algumas vezes e matei outras. Sonho paz. Quero agora.

Ouça em alto e bom som: Telegrama - Zeca Baleiro

| 0 comentários  

domingo, junho 05, 2005

Torto

Postado por Elisandro Borges

Alimentem-se do meu vício. Limpem a alma. Comam qualquer coisa. Engulam-se! Bebam o que houver de melhor ou qualquer coisa parecida. Vamos correr atrás do que nos é direito. Consertem a coluna, porra! E o pior é que continuo torto tentando olhar pra cima, só pra ver se encontro a lua. Eu sei que isso não faz sentido, eu sei. Onde está o controle? Qual controle? Ai, ai, ai...

Ouça em alto e bom som: System Of A Down - Highway Song

| 0 comentários  

domingo, maio 29, 2005

Existencialismo

Postado por Elisandro Borges

Escrevi atrás do meu currículo. Não tinha caderno ou outro pedaço de papel, tinha só esse currículo com as costas em branco. Assim como uma pasta pra apoiar no colo, e ali era a minha mesa. O cansaço e a gripe me deixaram mole. O computador deu pau, mas não estou somando prejuízos, é mais reflexão, só mais uma reflexão. Eu não sei dizer o que já foi dito, nem reler as mesmas coisas, apesar de ainda repetir pensamentos, os velhos de sempre. Eu já não sei mais o quanto pensei ou deixei de agir. A melancolia de certa forma me traz conforto. A alegria é energizante, o ódio é destrutivo e a felicidade... A felicidade é um jargão. Eu só quero ficar ali agora. Enquanto a chuva cai, eu quero ficar só deitado e deitado só. Trocando os sentidos em ordens desregradas e desconexas. Quero poder não pensar em nada, quero ser vazio por alguns minutos de reclusão. Só pra sentir o que é ser nulo. Nulo por mim mesmo, nulo pelos meus defeitos e qualidades. Nulo pra recomeçar e perceber o que significa uma nova existência.

Ouça em alto e bom som: Metallica - Some Kind of Monster

Marcadores: | 0 comentários  

domingo, maio 15, 2005

Suscetivelmente passional

Postado por Elisandro Borges

Se conheço o amor? Eu não sei responder, mas sinto o rastro que ele deixou, ou que eu, exatamente eu, possa ter deixado um dia passar. Converso com amigos, amigas, e vejo casais na rua se abraçando com propriedade. Amar é assim. Amar sozinho, amar a dois, a três, a mil, a quem for. É bonito dizer esse nome - amor -, e sentir é ainda melhor. Não sei o que escrever, só sei que amar... Amar várias pessoas e apaixonar-se por uma só, dos mais diversos e possíveis jeitos, também é uma forma de manifesto absoluto de um sentimento maior... Depois, tentar aprender a desaprender alguns hábitos. E não esquecer. Assumir uma vida nova, com novos planos, mesmo que confusos como essas linhas tortas. Ser adulto por horas necessárias e de vez em quando dizer um monte de bobagens em disparate. Sou só um pedaço de mim que busca equilíbrio agora. O outro lado é simplesmente manco... mudo e com uma leve surdez passional que me encerra em pensamento.

Ouça em alto e bom som: Eagle-Eye Cherry - The Strange

| 0 comentários  

domingo, maio 08, 2005

Propulsão contínua

Postado por Elisandro Borges

Agora acordo pelas manhãs e vejo que existe sol do lado de fora. E quero sempre que o trabalho seja a minha casa, e o conhecimento uma propulsão contínua.

Ouça em alto e bom som: B.B. King - Help The Poor

| 0 comentários  

domingo, maio 01, 2005

Quando o mar acaba

Postado por Elisandro Borges

... Quando busco, certo de que a demora tem um fim.

Sentado sobre os pés eu respiro silêncio.
E quem é que mora lá bem do outro lado?
Essa areia que me invade os pés, já me deixou histórias.
E eu me lembro bem daqui, como se fosse ontem.
Eu te encontro onde o mar acaba, como sempre, à espera.
Quando busco, certo de que a demora tem um fim.

Ouça em alto e bom som: Paulinho Moska

| 0 comentários  

quinta-feira, abril 28, 2005

Uma só pessoa

Postado por Elisandro Borges

... E se um dia me sentir, sentirei você também, porque somos a mesma pessoa, uma só pessoa.

Provoco uma reação e você olha através do que ainda não entende. Não precisamos distinguir nada nesse minuto. Não estou nos lugares mais óbvios, nem nos inusitados. Pensar acaba te confundindo, ao passo que decidir se torna uma urgência. A vida lhe impôs essas decisões e você acreditou estar orfão por algumas vezes, mas nunca esteve. Admita. E seus planos? Procurei na sua memória e me perdi no seu subconsciente turbulento. Sua meditação de dez minutos anda dispersante, e seu jeito de olhar pro nada, quando todos gritam ao seu redor, te guarda no tempo e o faz esquecer que os ponteiros giram. E de fato giram... Eu sou você, embora não tenha sua pele, seu pulmão... sua mente. Os ponteiros giram e continuo você. Sou sua intuição, sem manifestações físicas, sou o que há de real do mínimo que pode acreditar que sou. E você me faz de acordo com suas perspectivas, porque sou você. E se um dia me sentir, sentirei você também, porque somos a mesma pessoa, uma só pessoa. Olhe pra você mesmo e me verá. Acredita em Deus?

Ouça em alto e bom som: Morcheeba - Blindfold

| 0 comentários  

domingo, abril 24, 2005

Descolore

Postado por Elisandro Borges

... Porque descolore quando o pensamento não te encontra mais, descolore.

E quem é que vai discordar de olhos rasos, com esse soluço assim de perto, condensadamente perto, erro, e quebro as rotinas... De sua falta. Porque descolore quando o pensamento não te encontra mais, descolore. Descolore se um dia o tempo não te tem em paz, descolore.

Ouça em alto e bom som: Radiohead - High and Dry

| 0 comentários  

segunda-feira, abril 18, 2005

Xinguem!

Postado por Elisandro Borges

... Sinta-se à vontade, e xingue até perder a voz.

Após um grande sucesso de xingamentos no orkut, decidi lançar esse concurso aqui também. O vencedor vai ganhar como prêmio, uma caixa de pamonha*.Tem espaço pra todo mundo! Mesmo você que já xingou lá no orkut, venha xingar mais uma vez no meu recinto bloguístico. E você que ainda não xingou, sinta-se à vontade, e xingue até perder a voz. Aproveite que não é todo lugar que você pode fazer isso. Desde já, vá todo mundo tomar no kú! E um cuspe pra todos!

*Prêmio fictício, só pra pegar bobim.

Ouça em alto e bom som: Live - Run To The River

| 0 comentários  

sexta-feira, abril 15, 2005

Cumé que é?

Postado por Elisandro Borges

... Isso aqui não é um diálogo?

Boa noite! Boa noite! Por favor, eu gostaria de falar com o responsável pelo blog. Bom, responsável eu não sei, mas o culpado sou eu. Certo, então me diz uma coisa: Cadê o travessão disso aqui? Cê tá falando com ele. Não, idiota! Eu tô falando daquele traço que você põe antes de começar um diálogo. Isso aqui não é um diálogo? Pode ser, e pode não ser. E você acha isso bonito? Acho legalzim. Então tá, o blog é seu, escreve o que cê quisé, do jeito que você quisé, faça bom proveito! Eu só tou falando isso porque quando você não coloca travessão, não dá pra saber direito quem é que está falando. Sério? É claro! Ah, mas tá bom. Cumé que é? Preocupa com o meu blog não, você aceita um café? Não, obrigado, eu só tomo Toddy. Você é doido! Quem, eu?

Ouça em alto e bom som: System of a down - Spiders

| 0 comentários  

segunda-feira, abril 11, 2005

Letárgico

Postado por Elisandro Borges

... Amor eterno é só uma imposição da nossa vontade mais frustrada de querer ser pra sempre.

Sonhar em vão é triste. Amar é triste e doloroso, e sempre tem um ponto final te esperando. Amor eterno é só uma imposição da nossa vontade mais frustrada de querer ser pra sempre. Amor eterno é morte lenta. E não quero me matar assim lentamente... Amar alguém é matar-se em doses pequenas e discretas, porque em algum momento algo vai morrer. O único amor saudável é o da amizade, da amizade simples e verdadeira. E onde existe paixão, existe morte inerente. A paixão consome, suga e destrói depois que passa esse torpor. É uma droga que te vicia. Ela chega e te atrai, quando você menos vê, já está dentro e não consegue mais sair. Dái, é esperar a dor chegar logo que a fantasia do começo for embora. E ela vai. Espera, que ela vai. Mas a gente, no fundo, de alguma forma precisa dessa dor, e se entrega um dia. Perde o sentido e se fere mais uma vez. Só que eu não quero precisar dessa dor. Não quero. Aqui dentro congela e assim me anestesia o peito. Quero ficar em estado letárgico até o fim. E uma hora o fim chega. Ele sempre chega. Isso sim, eu posso garantir. O fim é certo. Ainda assim, vou me enganar e tentar esquecer que ele existe. O fim é paciente, porque sabe que é certo e certeiro, quando a habilidade que nos cabe por aqui é exatamente essa - desviar-se do fim enquanto se pode. E amigos são ótimos paliativos nesse mérito. A vida passa. Que passe bem acompanhada então, no meu caso, de boas amizades, espero.

Ouça em alto e bom som: Muse - New Born

| 0 comentários  

sexta-feira, abril 08, 2005

Frente e verso

Postado por Elisandro Borges

... Apesar do isolamento que me reservo em horas longas, sei que crescer sozinho não é tão vigoroso quanto ter pessoas valiosas ao seu lado pra te dar uma força.

Não tenho sono. Fico pensando em tantas coisas que acabo virando a noite em claro. Me pego imaginando se essas tantas coisas estariam também pensando em mim. Bobagem. Quero durar o tempo que for preciso, quero que essa vida seja vasta. Não quero ter posse sobre as pessoas, nem controle de suas vidas. Sei que isso eu nunca teria e vou me desvinculando dessa sensação ilusória. Preciso respeitar as fraquezas e necessidades de cada um. Preciso parar de supervalorizar minhas dores, pois boa parte do tempo, sou eu quem as procura. Quem sabe eu paro de ficar bombardeando minha resistência psicológica em campos minados, porque as proporções do estrago certamente serão incalculáveis. Quero agradecer a todos que passam ou que ficam em minha vida, por motivo maior ou de livre e espontânea vontade. Quero aceitar o mundo daqueles que não entendo, sem ter que esperar que os mesmos me aceitem ou sequer me entendam. Chega de querer que o universo goste de mim da mesma forma que eu gosto dele. Sei que a vida é mais fácil para uns, enquanto torturante para outros, e que essa balança nem sempre é justa; mas não quero discutir o que é subjetivo, tampouco me perder entre o certo e o errado ou entre o bem e o mal. Desejo poder reconhecer a mim mesmo durante essas décadas que por mim continuam passando e depois de tudo que tenho feito. Quero conseguir enxergar um saldo positivo em cada etapa. Apesar do isolamento que me reservo em horas longas, sei que crescer sozinho não é tão vigoroso quanto ter pessoas valiosas ao seu lado pra te dar uma força. Quero deixar que todos tenham o seu próprio tempo, e mesmo se sumirem de mim por um período extenso, que eu lembre das vezes que também sumi ao longo desses anos, de pessoas cruciais na minha existência. Que meus pedidos não soem como ordens e que eu não me sinta ofendido se um dia tiver que obedecer uma ou outra. E por fim, que eu evite climas hostis e saiba perceber o valor, pelo mínimo que seja, de qualquer ser que assim possa ser identificado como humano. Essas foram e têm sido páginas lidas de frente e verso, são páginas que, independente da densidade do teor, ficarão arquivadas para novos ajustes, e que esses, definitivamente, me levem pra frente de uma forma ou de outra.

Ouça em alto e bom som: Live - Lightning Crashes

| 0 comentários  

quinta-feira, abril 07, 2005

Baratinhas cupertinas

Postado por Elisandro Borges

... Baratinha quando nasce, esparrama a criação.

Baratas são um inferno! Baratinha quando nasce, esparrama a criação. Quem é que disse que a besta é um capetão? Mentira! A besta é a própria barata! Viu Carine! O mal do século não é o relacionamento! O mal do século são as baratas cupertinas! Elas quando chegam, infestam tudo quanto é canto da casa, principalmente onde existe pão! Meu prato mais nobre! Odio abrir o armário e ver as safadas correndo sem rumo tentando achar um buraco! Por que elas não se enfiam então no próprio cubículo? Eu já disse que não falo palavrão nesse blog e muito menos faço baixaria. Mas quero ver o pai-d'égua que vai me impedir de achar o ninho dessa PORRA! Nunca! Não, olha só, e quando elas atingem a meia-idade? Tem dó! Vira aquela festa de barata-velha-tarada voando pela casa, doida pra achar um baratão pra dar! Vai dar em outra ninhada, carái! Bucéfalas (ainda vou pagar royalty por usar essa palavra). Não quero nem saber! E eu que tinha dó de matar barata! Eu achava que era um ser vivo. Ser vivo o cacete! O meu ideal de vida agora é matar barata! Mata barata, mata rato, mata tuuuudo! Nuuussa! Não sei porquê, mas me deu uma vontade de comer pamonha! Olha a pamôôôôônha! Pamonha de sal, pamonha de doce, pamonha à moda, pamonha quatro-queijo, cinco-queijo, seis-queijo, quem dá mais? Quem dá mais? Olha a pamôôôôônha! Acho que esse negócio de barata tá me deixando doido! Áfe!

Ouça em alto e bom som: Papa Roach - Infest

| 0 comentários  

terça-feira, abril 05, 2005

Ironia jamais agressiva

Postado por Elisandro Borges

... Sua mente baseava-se na esperança da renovação, ainda que atingido por golpes de clava em fúria.

A casa era o mundo, por isso se sentia sempre em casa, onde o passado e o futuro estão mais em evidência que o próprio presente. Há uma sensibilidade, uma humanidade e a vontade vagamente citada na ironia jamais agressiva de suas palavras. Palavras estas, derivadas de Calvino e intrusamente redirecionadas por aqui. Sua mente baseava-se na esperança da renovação, ainda que atingido por golpes de clava em fúria. Há momentos na história que precisa-se unir a um lado ou outro da vida. E o diário que se escreve jamais será publicado, quando seu olhar já difere do que antes pensara dos comunas italianos esquisofrênicos e dissociados. Ele lembra quando se sentiu desajustado, estranho e hostil. Há zonas de existência que não podem se expor ao sol, pois elas também se perdem. Os lugares se perdem. No entanto, as plantas eram nomeadas com etiquetas em latim. Talvez ele tenha se tornado dono daquele lugar, mas se afastou, e os lugares se perderam de suas "posses" nunca antes adquiridas. Os cenários de sua infância davam formas ao seu contemporâneo. E dizia que Paris era a voz de uma enciclopédia e que os queijos com seus particulares conceitos, pareciam oferecer-se aos pratos curiosos e salivantes. E os homens que esperavam alguma coisa um do outro, já não sabiam mais o que esperar. São as cidades invisíveis. Todas com suas realidades e ficções, em caracteres maísculos e minúsculos, que separados por pontos e virgulas, ganhavam vida em sua escrita suave, e novamente, na ironia jamais agressiva de suas palavras.

Ouça em alto e bom som: The Mars Volta - Widow

| 0 comentários  

sábado, abril 02, 2005

ZERO

Postado por Elisandro Borges

... Quando chego à única e última bagaça aberta da redondeza, tenho que aceitar a escassez da cura vital pra minha ânsia voraz e eminente.

Olá, Elisandro! "Você tem 0 mensagens". Quem é que não entra em estado de gozo profundo ao abrir a caixa de e-mail e se deparar com esse recado gentil e aniquilador? Que satisfação escandalosa! Do e-mail, vou parar no blog quase que tropeçando e lá encontro nos "Bajulações, cretinices e afins", a seguinte delicadeza: (0). Isso mesmo, essa é a somatória! (0), lê-se ZERO - o número que me afaga o ego em noites de insônia. Resta então uma útlima esperança: Orkut! Chego lá e é a mesma história, isso porque eu já sabia, pois quando a gente recebe uma mensagem no orkut, sempre chega uma notificação no e-mail, mas como a esperança é a última que desmaia, talvez, nesse meio tempo relâmpago, um filho de Deus possa ter escrito um "E aí!". Que bobagem transcendental! O cara aqui virou mucamo da net, meeeesmo! MUCAAAAAAAMO! Seu escravo!!! Então, resolvo ligar para alguém, mas como o telefone aqui é daqueles planos que ao atingir tantos minutos, a ligação discada é bloqueada automaticamente e não sou capaz de fazer um só contato - o que me faz mais uma vez, o prisioneiro consciente das minhas próprias armadilhas econômicas. Beleza! Tô bonito na foto mesmo sem perfume. Solução: comprar um cartão telefônico e enfiar o cabeção no orelhão, pois todo cabeção é digno de um orelhão! Quando chego à única e última bagaça aberta da redondeza, tenho que aceitar a escassez da cura vital pra minha ânsia voraz e eminente. Não há cartão de espécie alguma! É... Tem dias que o negócio é comer um pão com nescau, ir pra cama, e dormir na esperança de encontrar uma alma viva no dia seguinte pra te dizer aquelas duas palavrinhas: "E aí!"

Ouça em alto e bom som: Collective Soul - Forgiveness

| 0 comentários  

terça-feira, março 29, 2005

Se-vilização

Postado por Elisandro Borges

... A linha divisória das duas espécies que compartilham uma parede, não é tênue, mas sim, praticamente imperceptível.

Vamos mandar benzer a vizinhança! Se vizinhos fossem cães selvagens, acabariam rasgando um ao outro no dente. Claro, abriremos quantas exceções forem necessárias, mas o problema surge quando a civilização bate à porta do esperado cidadão, e a mesma, volta angustiada sem resposta alguma. A linha divisória das duas espécies que compartilham uma parede, não é tênue, mas sim, praticamente imperceptível. Testemunhas não me deixarão falando ao esmo e desacompanhado, muitos sabem do que falo. Sons das mais diversas e inimagináveis origens, brotam da parede ao lado. Providências foram tomadas. Antigamente tínhamos que presenciar as intimidades que vazavam aos nossos ouvidos em alto e bom som, como que ironicamente querendo parafrasear o "ouça em alto e bom som" deste blog. Graças ao bom senso, o mundo está voltando aos dias para os quais nasci. E assim vou acreditando em tentativas...

Ouça em alto e bom som: Placebo - Pure Morning

| 0 comentários  

sábado, março 26, 2005

Tá chovendo agora

Postado por Elisandro Borges

... Ouvindo o chiado flutuar ao redor.

Tá chovendo agora. Já olhei lá pra fora e deu a maior preguiça de sair. É bom ficar em casa ouvindo o chiado flutuar ao redor. Assistir filme no escuro, e vou te dizer, mesmo sozinho também é bom. Vou dizer também que, quando a chuva passar, vou olhar pra fora e sentir o cheiro que ela deixa em tudo. A gente é feliz e não sabia, ouvindo o chiado flutuar ao redor.

Ouça em alto e bom som: Lighthouse Family - Loving Every Minute

| 0 comentários  

quarta-feira, março 23, 2005

Com ou sem alguém

Postado por Elisandro Borges

Gostar é ser feliz. Paixão é prender-se a alguém. É se perder em alguém. É perder de si mesmo. E se o amor for esse sentimento derivado da paixão, é amor acompanhado de sofrimento. Agora, amar de forma desprendida da paixão é provavelmente a melhor forma de amar alguém. E esse é o amor de quem ama a família, os amigos e de todos os que nos fazem bem! Não sei se deveríamos amar quem nos "mata", talvez entender em vez de amar, porque amar é um sentimento espontâneo, logo não gostamos de quem nos faz mal. Portanto sou feliz. Quero chegar até o fim da minha vida assim... Feliz. Vai, esquece o vazio. Acho que ele só aparece quando falta o amor próprio. Não tenho religião, mas acreditar em Deus é mais um motivo de estar feliz também. Tem gente que se sente bem sendo ateu. Que fique bem assim, então. Acho também que a gente não depende de um casamento pra ser feliz. Nem de um namoro. Pode ser que você seja feliz casado(a) ou namorando, mas isso não é nenhuma regra. Também não é regra tudo o que falei, muito embora sejam constantes os exemplos. Então, vai ser feliz com ou sem alguém. Pra mim isso é o que importa.

Ouça em alto e bom som: Audioslave - What You Are

| 0 comentários  

terça-feira, março 22, 2005

Sutileza

Postado por Elisandro Borges


Não consegui evitar a pérola do aviso que vocês podem ver ao lado. Ali temos alguns ovos de páscoa. Reparem bem na foto e leiam com seus próprios olhos! "Se você quebrar, vai pagar..." PUTZ! CARACA! Isso é lindo! E olha que não é nenhuma montagem. Surtei ao ver! Tive que voltar lá pra tirar essa foto. Nussa! Tenho que fazer um curso de marketing com esse doido! Hilário! Uh huuuuuu!

Ouça em alto e bom som: Tonic - Casual Affair

| 0 comentários  

segunda-feira, março 21, 2005

O ensaio de uma identidade

Postado por Elisandro Borges

"Eu sou o que eu amo, não o que me ama"

Eu poderia parar esse exato minuto pra organizar as minhas coisas. Já parei pra pensar em tantas, enquanto esqueci tantas outras. Está tudo jogado por todas as partes e pareço não ter o controle, nem indício por onde começar. A inconstância tem me tirado o foco de qualquer parâmetro. E onde estão esses? Às vezes começo a ler um livro, pelo qual minha curiosidade faminta deveria devorá-lo sem pré-degustações, na fome de quem mata a espera longa. Mas páro, e começo a ler outro. Tenho me questionado o tempo inteiro por essas confusões e mais do que nunca, recomeçado, na intenção de encontrar um sentido. Tenho também a impressão de que minha vida é basicamente como esses livros que não sei definir o final e que perco a atenção, e logo em seguida me dá vontade de ler outro. Horas em que não sei se esperar é a solução, me sinto enganando o tempo com os cuidados de quem não quer ser percebido. Ainda assim, quero fazer acontecer, quero mover essa inércia. Vou depender de pessoas também, por isso tolero a espera. Não quero mais esperar. Vou ter que fazer a escolha sempre e assim sempre foi e assim vai sendo. Quando a cabeça está quente, ninguém vê o que está do lado, na frente ou onde quer que esteja a noção de espaço. Tempo e espaço. Essa seria a noção. São os investimentos de hoje. E quais seriam? "Eu sou o que eu amo e não o que me ama". Gostei dessa frase. Mas antes de ser, preciso sustentar minhas necessidades mais básicas. As contas não esperam. Quero brincar com a arte, saber entender uma música e sentir o gosto da comida, não quero ter pressa ao comer. Só quero namorar o que sou e imaginar o que ainda posso ser. Não há inclinação pra vida social agora em mim, sem antes o ensaio de uma identidade. Preciso definir quem eu sou ou o que sou e pra onde quero ir. Quantas vezes vou ter que nascer de novo?

Ouça em alto e bom som: Tom Waits - Dead Man Walking

| 1 comentários  

sábado, março 19, 2005

Deixa ser

Postado por Elisandro Borges

Nada de errado. Certo? Por que você me faz essa pergunta? Por quê? Eu sei o porquê. E qual é? Você se subestimou. Quando? Quando disse que foi só mais um. Ser mais um não é problema nenhum e eu nunca soube rimar. E o que foi isso, então: ser mais um, não é problema nenhum? Essa foi sem querer. Então quer dizer que você foi mais um sem querer, correto? Talvez. Sabe, eu não sei ser mais um e depois não tenho lá muita intimidade com travessões, tampouco com pontos e víruglas. E daí? Pára com isso, não é pra pensar assim. Você teve o seu tempo e ainda vai ter muito pela frente. Mas me conta o que vem pela frente. Não, isso eu não sei, não vou saber até que você me conte quando o dia chegar. Que dia? Pára de dar uma de Joãozinho sem braço! Tô falando sério, que dia? O dia em que você parar de pensar no que vai acontecer, deixa ser assim, no compasso. Descompasso, talvez. Então deixa ser.


| 0 comentários  

sexta-feira, março 18, 2005

Velho Tarado

Postado por Elisandro Borges

Até que ponto vai a libido, hein? Estava eu andando pelas ruas do centro da cidade, quando vejo um senhor em torno de seus 90 anos, quase tendo uma torção no pescoço pra olhar a bunda de uma mocinha que passava por ele. Que eu a metade da força desse velho tarado quando eu chegar à essa idade. Mas que eu seja ao menos um pouco mais discreto...

Ouça em alto e bom som: Papa Roach - Not Listening

| 1 comentários  

quarta-feira, março 16, 2005

Transferimento¿¿¿

Postado por Elisandro Borges


Não basta ser brasileiro, ler bons livros, cultuar célebres e costumazes colunistas de jornais de ponta ou ainda alimentar uma singela curiosidade pelo português bem utilizado, que atos falhos um dia irão sabotar em gafes e deslizes o mais profundo pedante que vos enrola em ligeiras aliterações. Tive a capacidade de perguntar à uma atendente de um banco, se eu deveria digitar a mesma senha que eu costumava usar para "transferimento". Cataclismos! Vejam bem, TRANSFERIMENTO!!! Tamanho disparate não poderia ter sido vomitado por minhas dissonantes cordas vocais. Que vergonha! Tentei jogar uma "transferência" logo em seguida, mas o estrago já estava feito. Acho que houve só uma testemunha, a própria atendente, espero. Aliás, agora fudeu. Já é manchete!!!

Ouça em alto e bom som: Zeu Britto - Soraia Queimada

| 0 comentários  

terça-feira, março 15, 2005

Pra dentro de mim

Postado por Elisandro Borges


Eu nunca quis te machucar e um dia a gente acaba falando ou fazendo isso. Um dia... É estranho acordar sem te ver aqui do meu lado, te confesso. Confesso tudo o que você quiser, mas acho que já disse tanto, que muitas vezes prefiro me calar. Ainda estou muito longe de aprender a me relacionar com alguém e o meu egoísmo continua assim, gritante, insuportável até. Muitos não querem ficar sós, mas no meu caso, a história tem se repetido ao longo desses anos. Acho que me acostumei a essa insuficiência. Insuficiência de ser ao menos o mínimo para o outro - o que seria talvez quase nada, mas não é. Cruel dizer isso, pior pra quem sente na pele. E não é de propósito. Faz falta ouvir sua voz e sua presença pela casa ninguém substitui. Sei que machuca, mas não consigo evitar. Não consigo evitar de ficar só. Não consigo evitar. Falo por hoje, não garanto o que vem depois. O que vem depois é sempre incerto. Ora ou outra, você me pergunta se tenho medo. Digo que não. No fundo quando penso, percebo que o maior medo sempre foi de mim mesmo, e assim você absorve, passa também a ser seu o medo. Não quero isso. Deixe essa sensação só pra mim. Uma hora me curo. Fica bem. Não vou a lugar nenhum, a não ser pra dentro de mim.

Ouça em alto e bom som: Massive Attack - Inertia Creeps

| 1 comentários  

sexta-feira, março 11, 2005

Mudanças no brogue

Postado por Elisandro Borges


Pronto, resolvi mudar esquisito! Os comentários, gritos, quaisquer que sejam as bajulações, sermões ou apenas "ois", terão um espaço único e indiscriminado ali ao lado direito. Não posso negar que fico muito feliz quando vejo alguém deixando um sinal de vida.

Há braços e reverências!

Ouça em alto e bom som: Faith No More - Ashes to Ashes

| 0 comentários  

terça-feira, março 08, 2005

Estranho aos nossos modos

Postado por Elisandro Borges


Aquele homem caminha ao final de todas as noites, logo enquanto todos sonham. Caminha pra respirar o ar solitário das manhãs que ainda não despertaram. O café amargo lhe desfaz o sono inerte e toca suas vontades mais subversivas. Ninguém o vê sair, com exceção daquela senhora do sétimo andar que nunca apaga a luz para dormir, se é que dorme sequer, e do louco que os conta meias verdades. Sob os olhos da mulher vivida, ele finge não notar que está sendo observado do alto. E parece ser do alto a origem de todas as suas ânsias, lugar extremo onde mantém sua incansável mania de dar bom dia ao sol.

Quando todos acordam, ele some. Não existe mais o personagem de imaginações ingênuas durante os gritos da cidade inquieta. Sua paciência seria notável se pudéssemos vê-lo nos dias banais de quem paga suas contas. O engraçado é que aquele homem nunca se deixou morrer. Estava ficando velho, no entanto possuia a memória suficiente o bastante para espanar as poeiras de sua mente. Não sei se alguém o conhece, é estranho aos nosso modos. A senhora do sétimo andar um dia conseguiu cruzar o seu caminho, só que esmoreceu ao tentar qualquer sorte de contato. E ele passou. Passou pela primeira, e talvez última vez.

Ouça em alto e bom som: Los Hermanos - Cara Estranho

| 0 comentários  

domingo, março 06, 2005

Descontrole

Postado por Elisandro Borges


Ela entende sua língua. Não o questiona por nada e tampouco demonstra a menor curiosidade por suas fraquezas. Não é preciso ser curiosa quando se sabe. Comunicação verbal seria redundância pra quem basta o jeito de olhar. Ela te acerta assim, sem fala ou esforço algum. Não dá pra fingir o descontrole. Voluntariamente preso à ela, você tem a liberdade mais generosa que te poderia acontecer.

Ouça em alto e bom som: Cake - Short Skirt, Long Jacket

| 0 comentários  

terça-feira, março 01, 2005

Dormente

Postado por Elisandro Borges


Minhas vontades egoístas só te alimentam o tédio. Fico pensando que talvez não devo administrar bem o tempo, dois nunca são um e nunca serão. Eu não sou capaz de ser completamente eu quando penso em você. Alguma parte vai ter que ficar sufocada e dizemos então que abrimos mão disso ou daquilo. Sufocar as vontades antigas e adquirir hábitos novos, porque é preciso satisfazer o outro. Mesmo que isso signifique esquecer os próprios caprichos. Pode ser. Aquele que esquece a si mesmo deve ser a melhor companhia, pois vai estar sempre a postos do outro. Eu sei que exagero em quase tudo, mas ouvi você falar em solidão acompanhada.

Foi um choro, é verdade, você chora, sente saudades... Saudades. Saudade não se conta nos dedos, não sei então por que vai para o plural. Escuto o seu nariz escorrendo aqui bem perto de mim, é você chorando baixinho no escuro. Não consigo mais chorar por nada. Acho que nada me comove. Acho que não consigo sentir mais pena de ninguém. Não sei qual é a dor do outro, mal sinto a minha. É estranho estar dormente por esses cantos. Me sinto nulo nesse minuto. Não existe expressão alguma no rosto, meu rosto, é claro. Agora desligo a música que me alegrava pra te dar sossego e porque você assim pediu. Amar. Amar é também se acostumar. Amar é ter muita paciência. Amar é muito mais do que penso, é talvez muito mais do que sei oferecer.

Ouça em alto e bom som: Los Hermanos - Sentimental

| 0 comentários  

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Senhas

Postado por Elisandro Borges


Ouvi dizer que ela não gosta do bom gosto, nem do bom senso. Não mencione os bons modos, porque ela não gosta. Agüenta até rigores e não tem pena dos traídos, enquanto hospeda infratores e banidos. Respeita conveniências, não liga pra conchavos, suporta aparências e não gosta de maus tratos. Agüenta até os modernos e seus segundos cadernos, os caretas e suas verdades perfeitas. Agüenta os estetas, não julga competência e não liga pra etiqueta. Aplaude rebeldias, respeita tiranias e compreende piedades. Não condena mentiras nem vaidades. De tudo ela gosta um pouco. Gosta mesmo é dos que têm fome, dos que morrem de vontade, dos que secam de desejo e dos que ardem.

Ouça em alto e bom som: Adriana Calcanhoto - Senhas

| 0 comentários  

domingo, fevereiro 13, 2005

Câmara de tortura itinerante

Postado por Elisandro Borges


Ônibus de viagem lotado e as duas únicas poltronas disponíveis eram de frente à porta do banheiro. Não sabíamos que estávamos prestes a passar por um dos mais rigorosos testes de resistência humana que alguém poderia sequer ter sido submetido. Passados alguns minutos, um senhor futum decide pairar em férias sobre a atmosfera interior daquele caixote que nos envolvia em uma sórdida e sufocante experiência.

Se pegássemos no sono, era pesadelo atrás de pesadelo, como que numa angustiante tentativa do cérebro em nos acordar para uma vida melhor. Era em vão o eforço. Acordar não seria uma das mais acertadas opções, pois a realidade do ambiente solapava o único quinhão de oufato que ainda restara de nossos sentidos. Comecei a pensar em Deus nesse momento tortuoso. Comecei a acreditar que tudo era possível e lembrei que cada minuto representava uma oportunidade de mudanças. Contei... Contei... Contei cada minuto e me perdi em meio a tantas horas.

Para a salvação da lavoura, o ônibus pára em uma das estações e algo acontece. Àquela altura, nós estávamos semi-desmaiados e não foi possível destrinchar os detalhes do meio termo que nos devolveu a vida em requintes de ares novos. Passado o sufoco de 20 horas, estávamos livres daquela câmara de tortura itinerante. Pronto. Foi isso. Chega.

Ouça em alto e bom som: Qualquer barulho louco de Stomp!

| 0 comentários  

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Vintages

Postado por Elisandro Borges


Vamos ganhar língua solta dessa vez. Não exija sentido na estranheza desses traços, pois há de convir que às vezes são tortos e não dizem lá tantas coisas. Já pediram pra escrever sobre amizade por aí, mas vem cá, esse pedido descansa há décadas em arquivos esquecidos. E olha só a barba por fazer, ela esfrega o tempo em nossas caras fatigadas, na vontade muda de nos dizer que já não somos mais crianças. E os amigos? Eles estão em seus cantos, moram aqui dentro também. Uns passam, outros ficam... Quanto tempo faz que não nos econtramos, hein?

É assim mesmo. Correria, responsabilidade por todos os poros. Planos certeiros, desencontros. Sorte à vista. Lançaram os nossos amigos janela afora nesse mundo incerto. São tantas janelas, passagens em metáforas que mal pescamos - e um vacilo pode sublimar tudo em um segundo. Errar, correr, falar de boca cheia... Ser feliz por pouca coisa. E olha que não recuso copo de requeijão, eles me lembram bons tempos lá em casa. Quero brindar em copo de requeijão quando eu assim chegar. Copos com rótulos baratos também servem vintages de Dom Perignon. Quero um brinde aos nossos dias. Um brinde às seletas safras de bons amigos que não se separam. Tim-tim.

Ouça em alto e bom som: Portishead - Roads

| 0 comentários