quinta-feira, dezembro 30, 2004

Matei mais um demônio

Postado por Elisandro Borges


Estou aprendendo a matar os meus demônios. Acordei mais uma vez durante o dia. Sim, durmo durante o dia, porque a noite não pode esperar. Demônios são clássicos em suas danças e querem nossos relicários. O mal é a face do bem que se distorce. Somos os dois lados. Matei mais um demônio. Estou me sentindo melhor. Meus demônios estão velhos e não são tão mais populares. Eles me libertam, porque morrem. Matei mais um demônio.

Ouça em alto e bom som: Nando Reis - Por Onde Andei

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segunda-feira, dezembro 27, 2004

Por mais dez minutos

Postado por Elisandro Borges


Você tem mais vinte minutos pra dormir. Quer dizer, agora na verdade são dez. É, realmente. Nem tinha reparado. Mas tudo bem, eu viro pro lado e quando o celular tocar, aperto o soneca, cê me entende? Aquele que te deixa dormir por mais dez minutos. Ah, sei. Pára de olhar no relógio! Desse jeito você não dorme nem dez minutos. E o que são dez minutos? Sei lá, só sei que dá moleza. Pra te ser sincero, nem tô dormindo. Tô escrevendo isso aqui. Ah, é? É. E por que os seus diálogos não têm travessão? Porque não mudei de personagem, ainda tô falando comigo mesmo. Entendi. Que bom, né? Que bom que você tem alguém assim tão íntimo pra trocar idéias e confissões. Eu sei, mas tem horas que nem dou valor a isso. Tem horas que não percebo quem eu sou, porque no fundo ando confuso com minha vida profissional. Ó, o celular tá despertando. Valeu, brigado. Já coloquei no soneca. Então são mais dez minutos? Isso, são mais dez minutos.

Ouça em alto e bom som:
Marisa Monte - Diariamente

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sábado, dezembro 25, 2004

Vou limpar esses cantos

Postado por Elisandro Borges



Vou ter que parar um minuto. Vou ter que limpar tudo isso aqui e organizar as coisas que ainda estão faltando. Vou ter que parar um minuto. Não quero parar um minuto e ficar no meio do caminho. Não quero demorar em dúvidas. Aliás, elas acabaram de passar. Passei pelas dúvidas. Vou limpar esses cantos, preciso cumprir a minha parte, vou limpar esses cantos.

Ouça em alto e bom som:
Pugna Puff - Não sei dizer

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quarta-feira, dezembro 22, 2004

Julguei, e sei quem acertou o seu Zé

Postado por Elisandro Borges


Eu leio vidas, não prometo interpretações acuradas. Vidas também são feitas para serem lidas. Penso em pessoas que disseram coisas importantes e às vezes chego a acreditar que por mais vaga que seja uma poesia, essa se faz mais certeira do que a própria política que nos desgoverna na nudez da ironia. Eu não sei o que dizer, não tenho o que dizer, mas não estou a fim de ficar calado. Quero ensinar meu filho a entender certas coisas, só que antes vou ter que aprender a entender poesia, porque pensar em fazer um filho já é outro porém.

Ainda assim, quero falar mal de alguém, o foda é que todos são seres umanos, desse jeito, sem h mesmo, pois qualquer um perde a cabeça um dia, por que não o h? É inconveniente falar mal do desconhecido. No entanto, continuo insistindo em falar mal de alguém. Provavelmente, julgar seria o caso. Julguei descomedidamente, tantas vezes que perdi a conta, já não sei mais contar. Julguei sim, julguei pessoas, sexualidade, raças, classes, cachorros... Taquei pedra em quem estava quieto, acertei até o seu zé do picolé.

Pensei que poderia entrar em conversas secundárias e expor os meus turbilhões de idéias às avessas. Idéias tão avessas que nem me dizem respeito. Aliás... Respeito. Interessante essa palavra. Enquanto isso, nossos pés querem ser beijados na ausência desse mito. Que aceitem nossas teorias conspiratórias sobre o que nem sabemos dizer. Todos, quase todos estão mudando o mundo. Tem gente que muda de lugar, esquenta um assento e muda um mundo. Em qual sentido, não sei bem ao certo. Certo... Não, é relativo. E isso é inevitável. Não sei dizer, eu não sei o que dizer.

Ouça em alto e bom som: Social Distortion - Reach For The Sky

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sexta-feira, dezembro 17, 2004

Depois que tudo passar

Postado por Elisandro Borges


O ano está aí, acabando. Sensação de que por mais árduo que possa ter sido, fantasmas foram exorcizados, e uma vida se recomeça ano que vem, em cores diversas. Com o ano novo, vem também a percepção de que o nosso ritmo é dividido em pequenas parcelas, assim, todo marcado em pedaços dispersos pelo calendário impostergável. Os dias estão todos cravados nele, com direito a feriados costumazes, ainda que insignificante para alguns, para outros um motivo a mais pra burlar tédios de rotinas ociosas. Provavelmente muitos fizeram divãs-amigos e amigos-divãs durante esse tempo, e sendo suave nas palavras, eventuais "desamigos" também.

Recados importantes foram esquecidos e extraviados em algum canto longínquo de nossas memórias. Tudo bem, é geralmente assim que levamos os nossos dias. Quando perguntam se estamos bem, dizemos que sim, não pensamos antes de responder, independente do que realmente se passa na omissão da intimidade. A premissa é: estar bem, talvez com alguém, quem sabe até mesmo na introspecção de uma solidão rasa. Que essa solidão seja apenas rasa então. Que seja de leve. Estar bem, por mais que pedras danifiquem os bonsais mais velhos de nosso jardim, a hora oportuna de viver coisas boas sempre chega. Anos novos são iguais em seus detalhes diferentes. Pessoas são iguais em suas diferenças particulares.

Como de praxe, a história que se formará lá na frente, terá brigas, tréguas, guerras e amores. Vamos ter as mesmas coisas de sempre. Vamos chegar atrasados em encontros, beijar muito na boca, vamos transar num daqueles moteis desconhecidos entre becos e esquinas. Vamos fazer churrascos e convidar nosso melhor amigo vegetariano. Façamos graça. Façam ou desfaçam apologias. Alcoolizem-se, convertam-se em padres ou freiras, percam o juízo na responsabilidade de si próprio, e se não for exigir muito esforço, olhe no olhos quando cumprimentar alguém. Seja brega, cafona, perca a postura de professores. Seja fino em modos prudentes, mas não esqueça de dizer foda-se de vez em quando também. Seja tranqüilo em ser. Não seja. Seja perfeitamente humano em suas imperfeições. Não esquentem muito a cabeça com os padrões, filtrem os conselhos, e depois que tudo passar, por favor, joguem o lixo da cozinha fora.

Ouça em alto e bom som: Morphine - A Head With Wings

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quarta-feira, dezembro 15, 2004

Sonhos em metáforas

Postado por Elisandro Borges


Tive um sonho essa noite. Sonhei que eu entrava em um supermercado enorme, mas quando via esse pelo lado de dentro, estava tudo deserto, vazio. Eu me sentia desolado. Não havia pessoas, não havia nada. Salvo o canto direito, que ainda existia uma mercearia bem pequena com um único funcionário. Eu também escutava a voz de um cara que eu não conseguia ver, e esse cara me explicava o porquê de todo aquele vazio, mas o restante do sonho são apenas brancos em minha memória. Não consigo me lembrar de mais nada além daquele rombo. Às vezes acho que o nosso subconsciente gosta de brincar com nossos sonhos em metáforas.

Ouça em alto e bom som: Fuel - Falls On Me

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terça-feira, dezembro 14, 2004

Bonzinhos e poetas

Postado por Elisandro Borges


Ser bom nem sempre é uma boa idéia. O indivíduo bom é geralmente um ser passivo e facilmente manipulável. Todo bonzinho no final acaba levando no cuzinho, nem que seja apenas pra ser bonzinho. Às vezes o bonzinho acha que rimar é uma arte generalizada e altamente altruísta, então ele decide que levar no cuzinho é ser bonzinho. Poeta de cabeceira, já acorda rimando: "quero ser bonzinho, nem que seja pra levar no cuzinho". Todo bonzinho é um poeta nato, pois rima sem fazer esforços. Gostamos muito dos bonzinhos, daqueles que não sabem dizer "não" e estão sempre prontos em seus devidos postos para servirem os mais dispendiosos caprichos alheios, custe o que custar.

Os "espertos" ficam ofendidos se outros discorrem um "não" em suas caras lavadas de segundas intenções. O bonzinho acha que dizer "sim" indiscriminavelmente, pode abrir suas portas em um futuro próximo, mas não consegue perceber que determinados sangue-sugas querem na verdade é abrir as portas dos fundos do nosso tão solicitado bonzinho. Rentável, venderemos bonzinhos com cuzinhos de fácil acesso para amostras grátis em feiras livres, afinal, quem é que não quer levar um desses pra casa?

Ouça em alto e bom som: P.O.D. - Boom

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segunda-feira, dezembro 13, 2004

Eles estão frios

Postado por Elisandro Borges


Os pés estão frios. Esconda debaixo desse cobertor, mas os pés continuam frios. Agora já está tudo quente em volta, e os pés, frios, eles estão frios, não só frios, secos também. Estão maltratados e esquecidos. Ficam guardados o tempo todo da luz do sol, eles não vêem a luz do sol. Respiram o ar confinado, não sobra espaço para os poros. É, os poros. Não respiram durante quase todo o tempo. Quando saem, sentem frio, eles estão frios. São apenas pés frios, de pessoas frias.

Ouça em alto e bom som: Drowning Pool - Tear Away

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sexta-feira, dezembro 10, 2004

Ensaio

Postado por Elisandro Borges


Escrevo de caneta naquele papel improvisado, e pra variar, a tinta falha e minha caligrafia cambaleante vacila em revelar a insegurança de um pré-adolescente ensaiando falas de adulto. Escrevo deitado mesmo, porque se levanto, perco as idéias. Fico tentando sonhar de pé, mas funciono melhor na horizontal, onde meus olhos fechados enxergam mais de perto a vida dando voltas por entre essas divagações. E foi assim, exatamente dessa forma que descobri o amor de volta. Foi divagando sem pressa mesmo.

Quando não soube o que dizer, apenas cumprimentei sem maiores pretenções em princípios de conversa. Acontece que princípios de conversa podem ser princípios de histórias também. Estou feliz agora. Mesmo afirmando que sou feliz em temporadas, mesmo sabendo que os dias são feitos de surpresas - agradáveis ou ruins - aceito a pausa, tento entender as entrelinhas. Vago... Vago são esses pensamentos de caras amassadas, justamente assim como quem acaba de acordar.

Não quero construir castelos de areias, eles são frágeis por demais. Não quero ver a água levando esses caprichos. Chega de comparações baratas, porque pessoas de verdade são caras. Quero manter as pessoas reais, ainda que virtuais, bem perto de mim. Repito: pessoas de verdade são caras. Todo esforço é pouco, porque mais uma vez, pessoas de verdade são caras.

Ouça em alto e bom som:
Staind - Faded

(download aqui)


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quarta-feira, dezembro 08, 2004

Meu aniversário

Postado por Elisandro Borges

Hoje é meu aniversário! Parabéns pra mim! Ih, esqueci de colocar a música aqui, depois eu coloco.

Fui com gosto de gás!

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sexta-feira, dezembro 03, 2004

Por entre as frestas

Postado por Elisandro Borges


Ela continua deslizando por entre as frestas, é, falo da mesma música. Acompanha minha respiração e esconde as horas de mim. Ela é intocável. Não tem lábios, sexo ou formas, mas é imortal. Perguntei o que faria se um dia não pudesse mais sentir aquele sopro calmo em meus ouvidos. Perguntei também se a levaria comigo pra qualquer lugar, qualquer um desses lugares que se tira a mochila das costas, só pra descansar debaixo da primeira sombra. Não sei até quando vou poder ficar andando por esses lados. Percebi alguém dizendo que o mundo era feio, só que isso nem de longe me afeta a memória. Acredito sim, ainda me recordo de coisas bonitas por aqui.

Ouça em alto e bom som:
John Mayer - Daughters

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terça-feira, novembro 30, 2004

Leve

Postado por Elisandro Borges

Leve minhas dúvidas, leve o meu orgulho, a indisciplina que me desvirtua. Leve minha impaciência, minha ansiedade, o egoísmo que me isola. Leve tudo que me traz o atraso, leve a preguiça que se arrasta por esses cantos. Leve a raiva, a estupidez, acabe com essa arrogância que me consome. Leve embora, e que os desentendimentos se apaguem em faltas de memórias. Leve, por nada mais, Leve.

Ouça em alto e bom som:
P.O.D. - Alive

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domingo, novembro 28, 2004

Dores do mundo

Postado por Elisandro Borges


Quando você chora traz alívio, desabafa as dores do mundo. As dores não são suas, são dores do mundo e essas já foram mencionadas por outros. O que te aperta no mais íntimo, são dores do mundo. Cabem perfeitamente no vazio, pois é vazio sem fim em buscas desordenadas. Fica no ar de poesias mudas e desconexas. Você descobriu o amor, e apesar dele parecer não curar a sua dor, continua soprando a ferida. Você encontra no amor uma salvação. Que te traz prazer, que te faz desviar a atenção dos bombardeios. E esse amor te amortece a queda, porque é preciso levantar. Depois de tantas turbulências, você ainda consegue amar e aos poucos repõe o equilíbrio. Andam testando a sua fé por lhe deixarem tão desolada. Andam colocando em prova sua força sob pressões descabidas. E você agüenta. Porque é forte o bastante. Porque sabe amar. Amanhã é outro dia, são recomeços diferentes. Te desejo um sono reparador. Te desejo paz. E não consigo esconder o quanto te amo, assim, perdidamente.

Ouça em alto e bom som:
Maroon 5 - Rag Doll

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terça-feira, novembro 23, 2004


Direi palavras impronunciáveis. Daquelas que quando escritas no papel você não consegue nem ao menos passar os olhos, pois acaba se perdendo e tropeçando nas letras. Direi também o que os ouvidos deles querem ouvir. Tanto faz pra mim dessa vez, desde que eu me livre dos doadores de palpites não solicitados ou dos consultores-volutariamente-indesejáveis-de-vidas-alheias. O que mais pega nessa história toda é que, tirando o amor que eu sempre quis na vida e que agora ostento a sorte de vivê-lo com a Carol, tudo o que mais tenho tentado conquistar em minha hulmide e tão suada vida, é um pouquinho mais de paz-de-espírito. Que não tentem controlar a minha vida pessoal, pois até onde me concerne o bom senso, a palavra pessoal traz a idéia de privacidade, de limite, de área restrita.

O meu único problema é que demoro demais a digerir o que me é expelido ouvido a dentro. Demoro também a reagir quando intrusos invadem minha propriedade e acabo fazendo o que eles querem: dou satisfação demais e detalhes completamente desnecessários que só competem a mim. Espero que da próxima vez eu não desperdice tanto tempo assim tentando dar explicações sobre o que faço do meu dinheiro, sobre a marca da cueca que uso ou se ando pelado com uma melancia na cabeça em pleno McDonald's. Chega dos cães nojentos que ladram em meu quintal. Que visitem outras vizinhanças bem remotas, antes que seja tarde demais, antes que eu possa sequer ter a oportunidade de descobrir o meu lado mais obscuro: o psicopata que degola cabeças de consultores-voluntariamente-indesejáveis-de-vidas-alheias.

Ouça em alto e bom som:
Falling up - Broken Heart

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segunda-feira, novembro 22, 2004

Parem as ruas

Postado por Elisandro Borges


Por todos os lados, por todos os vínculos.
Qualquer coisa que faça unir duas partes, tatos e gostos.
Sentir é a primeira e última ordem.
E o lugar é esse, sopra de leve as folhas do nosso chão.
Imagine o que são dois,
Mora aqui dentro a vontade que te traz pra perto.
Faça lembrar as boas novas, fica então tudo o que vale.
A corrida até a porta do metrô foi pra te encontrar a qualquer custo,
E o frio até que passava por perto,
Mas nada podia sugar o calor que espalhava em meu peito.
Parem as ruas. Por todos os lados, por todos os vínculos.

Ouça em alto e bom som:
Dave Matthews Band - I'll back you up

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quinta-feira, novembro 18, 2004

Uma coisa de cada vez

Postado por Elisandro Borges


Ainda me lembro que por mais confuso que eu possa ter sido um dia, uma hora acabei me encontrando. Confuso no sentido de que todos os medos que rondaram por aqui, eram em grande parte só imagens distorcidas da realidade em que eu acreditava viver. E a origem desse meu medo específico, partia quase sempre do apego, essa sensação inevitável de dependência emocional. Queria eu ser completamente imune a qualquer estímulo avesso à minha vontade. Queria ter total controle sobre o que vou sentir nos próximos minutos, nas próximas horas ou nas supostas décadas que estarão por vir, no entanto isso é quase que humanamente impossível. E será que tenho sido humano o bastante? A resposta é sim, porque não vou ficar lamentando em auto-punições. Uma coisa de cada vez, que venha a próxima fase então.

Ouça em alto e bom som: Sugarcult - Counting Stars

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sexta-feira, novembro 12, 2004

Em consideração às minhas fraquezas

Postado por Elisandro Borges


Não percebi. Andei preocupado demais nos últimos dias pra perceber que tudo continua. O fim da dor é o começo do alívio, e se olho um pouco mais além, enxergo, é verdade. Por tudo que tenho procurado, por tudo que tenho feito ou deixado de fazer, fica aquele cheiro de pós-chuva, cheiro de vida nova. Um dia me cobrei todos os resultados imediatos, soquei a própria imagem no espelho embaçado, tive essas viagens onde não existe conexão ou possível coerência. E o que importa? O que importa é que vou continuar tentando não pensar muito em suposições. O fluxo tem que seguir fluente assim como é esperado. Tem certas coisas que não mudam, e o meu limite é apenas uma dessas fronteiras. Em consideração às minhas fraquezas, vou deitar a cabeça no travesseiro, virar para o lado e fechar os olhos mais uma vez.

Ouça em alto e bom som: Cold - Suffocate

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quarta-feira, novembro 10, 2004

Equilíbrio

Postado por Elisandro Borges


Comece. Se não conseguir um pouco de paz nesse mundo louco, vai ter que aprender a criar o seu próprio espaço aí dentro. Espaço reservado ao silêncio. Que esse silêncio seja seu por inteiro, que esse segundo seja seu sem interrupções. Sei que você tem que enfrentar todos os desafios que atropelam o tempo e chegam sem aviso, sei que ainda falta muita coisa pela frente e que eles matam um leão a cada dia lá fora, ainda assim, faça o que for, mas encontre o seu equilíbrio.

Ouça em alto e bom som: Papa Roach - Scars

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segunda-feira, novembro 08, 2004

Por tempo indeterminado

Postado por Elisandro Borges


Eu preciso de sono, mas ele sempre acaba. Preciso dormir por tempo indeterminado. Preciso esquecer que tenho contas a pagar. Tenho que acordar em outro lugar, um lugar onde eu não precise de dinheiro pra viver, um lugar onde eu me alimente só de amor. Preciso acordar e tentar acreditar que não existe competição, que tem espaço pra todos e que ninguém sofre por motivo algum. Estou ficando cansado, não quero lutar a vida inteira. O amor é a única coisa que ainda me mantem vivo, mas não consigo ter motivação pra quase nada.

Talvez eu esteja no trabalho errado, fazendo a coisa errada, pra ser sincero, eu é que tenho andado torto, não tenho regras e tampouco um vestígio de disciplina. Minha vida é completamente aleatória, uma bagunça assim como o quarto em que me escondo. Estou perdido, não sei no que isso vai dar, não sei o que faço. Nunca me imaginei assim. Aliás, criei expectativas demais sobre mim durante esses anos todos e acabei não atingindo nem metade delas no tempo em que previ. Sempre corri atrás do que a gente chama de sucesso, prosperidade ou qualquer outro ideal afim. Sempre quis ser o melhor em pelo menos alguma coisa, só que simplesmente não sei mais o que fazer. Estou voltando. Dessa vez estou voltando pro meu país.

Ouça em alto e bom som:
Eels - I need some sleep (Shrek 2)

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sexta-feira, outubro 08, 2004

Só mais uma coisinha

Postado por Elisandro Borges


Será que você poderia me dar uma mãozinha? Quer dizer, um bracinho. Ah, não abusando muito da sua boa vontade, será que eu poderia pegar só a parte superior do tronco? Vai, deixa de ser egoísta, me empresta a mãozinha, o bracinho, o tronquinho... Bom, eu sei que parece muito, mas acho que você não se importa, né? Então tá bom. Ah, esqueci de uma coisa, o meu carro ficou no mecânico, será que eu poderia pegar o seu emprestado? Prometo que volto rapidinho, só vou ao shopping comprar uns cds. Por falar em cds, cadê aquele seu do Trio Irakitan? Esquece o cd, não se preocupa com isso agora não, deixa que depois passo na sua casa e levo a pasta inteira, pelo menos tiro o trabalho de você ficar procurando os cds que eu quero. Nossa, sabia que você é muito gente boa! Te adoro! Ah, como eu sou esquecida, amanhã vou estar super ocupada, seria muito trabalho se você ficasse olhando a Clarinha pra mim enquanto resolvo um probleminha? Muuuuuuito obrigada, tá! Que Deus te pague. Ih, só mais uma coisinha, você tem açúcar?

Ouça em alto e bom som: Afroman - Because I Got High

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segunda-feira, setembro 27, 2004

De cueca na esquina

Postado por Elisandro Borges


Na na na na, na na na, nao nao... O quê ce tá fazendo? Tô cantando, por quê, não pode mais cantar nesse buteco? Hein? Buteco? Não é boteco? Num interessa rapá, isso aqui é a casa da sogra. Então, é butecu mesmu, qual o pobrema? Nenhum, só tô perguntando. Mas, que música é essa? Ciranda-cirandinha? Que ciranda-cinrandinha! Me respeita!É rushi do Cula Chaquer, essa que tá tocando no blogui. Por falar em ciranda, você já levou a Giôgiô no parquinho hoje? Peraí, ce tá falando com quem afinal, não tem travessão nessa porra! Ô cabeção, e por acaso tem mais alguém por aqui? Tem, cê acha que ninguém lê essas baboseiras? Sei lá, só sei que a poupança bamerindus continua numa boa. Não existe mais bamerindus não fi. Ah, tô nem aí, qué sabê, vai ver se eu tô na esquina de cueca! Na na na na, na na na, nao nao...

Ouça em alto e bom som: Kula Shaker - Hush

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sábado, setembro 25, 2004

Mitos

Postado por Elisandro Borges


Tenho dormido de mal jeito esses últimos dias. Mal jeito que me deixou assim, imóvel. Talvez mal jeito seja a forma com que faço as coisas, talvez mal jeito seja o que sai da minha boca. Mal jeito seria alimentar todos esses mitos que nunca existiram, que blefam e tiram o sono, o nosso sono. Não dê ouvidos aos mitos, eles querem roubar a sua sanidade, querem sugar a sua paz. Me abraça agora. Deixa a verdade chegar, se esse fantasma for um mito, não vai voltar a te assustar. Independente de qual for o resultado, quero ser o seu homem, vem, encosta no meu peito. Tá ouvindo essa batida? É por você. Deixa ser o que tiver que ser, eu continuo aqui. Consegue ouvir a força que pulsa? É por você. Confie em mim. Estou aqui, meu amor, não vou a lugar nenhum sem você. Só não sei o que vou fazer com esse girassol, não tem nada a ver, agora já Elvis, mas até que ficou colorido, né?

Ouça em alto e bom som: Pj Harvey - Down By The Water

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terça-feira, setembro 14, 2004

São apenas hipóteses

Postado por Elisandro Borges


Vontade de descansar, vontade de respirar, vontade de apagar a mente, vontade de ser nulo, vontade de estar em um mundo mais leve, vontade de inexistência, vontade de alívio, vontade de tranqüilidade, vontade de viver os sonhos em vez de simplesmente sonhá-los. Não há mais fuga. Já fugi de todos, já fugi de mim. Não há mais pra onde ir. Não há mais. Não consigo enxergar, onde estão vocês? Não sei mais onde estou, não sei o que faço. Sinto muita dor por dentro. Sinto muita dor. Eu choro, mas pelo meu rosto nada escorre. Jamais me imaginei assim, sem forças. Talvez eu durma, talvez eu esqueça. São hipóteses. São apenas hipóteses.

Ouça em alto e bom som: Snow Patrol - Run

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quinta-feira, setembro 09, 2004

Colecionador de rasuras

Postado por Elisandro Borges


Ele colecionava pedaços de papel. Rasuras em pedaços soltos espalhados em sua pasta. O seu patrimônio estava todo em folhas de papel. Sua coleção de pensamentos próprios e alheios era o combustível que o mantia vivo. Esses papéis quando abertos, alimentavam todos, quem quer que por ali tenha passado os olhos. Homem em pedaços de papel, ali ele ficou, imortal, intacto. Sua alma um dia não estará mais conectada neste plano, mas os papéis, esses, amassados ou devidamente encapados em milhares de tiragens, passarão por novas décadas, chegarão até outras pessoas, com propósitos particulares, e sem dúvida alguma, terão mudado algo, de alguma forma, em algum lugar onde os afins acabam se encontrando.

Ouça em alto e bom som: Collective Soul - The World I Know

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terça-feira, setembro 07, 2004

Uma garrafa de vinho

Postado por Elisandro Borges


Assim as coisas podem ser ditas. Não há nada a esconder, talvez não haja motivos pra atitudes tão regradas. Seja ela o que for, o dia foi longo, essa moça precisa de uma distração. Anda tentando fugir de si mesma, tentando organizar a bagunça em sua cabeça atordoada. Respire, sinta, prove... Não sobrou nada além de pensamentos embaçados. Está vazio lá fora, é feriado. Agora o que ela vê é o seu reflexo em uma garrafa de vinho, dessas que mantém o sangue fluindo pelas veias. Uma garrafa de vinho pra dar a ela um pouco de alívio. Isso, uma garrafa de vinho – é tudo que ela precisa nesse minuto. Mais um dia se foi, mais um dia, e essa é a medida certa. Acredite ou não, mais um dia se foi. Mais uma garrafa, só mais uma garrafa de vinho.

Ouça em alto e bom som: The Devlins - Reckless

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domingo, setembro 05, 2004

Redoma

Postado por Elisandro Borges


Não me falem de barreiras, nem me contem histórias tristes. Não me assustem. Não me digam que o futuro é incerto. Não me falem de contradições, muito menos de realidade. Não me falem de miséria. Não me roubem a fantasia, não me tirem a redoma que criei durante esses anos. Não tentem fazer eu enxergar pelos seus olhos, me deixem assim. Não se preocupem, apenas torçam por mim, pois torcerei por vocês. Ninguém precisa aceitar meus ideais, não quero convencer os nossos moralistas, nem tampouco apontar quem está certo ou errado, quero apenas viver o que tenho pra viver.

Não pensem que abandonei o barco, esqueçam, não pensem nisso. Contem com o meu amor, mas não o vinculem ao capitalismo desse mundo. Não esperem que eu possa ser o maior exemplo da família, não esperem que eu possa agir como um ser humano completamente normal e sensato. Sensatez é a última das virtudes que vocês um dia poderão esperar de mim. Não sigam os meus passos e nem tentem fazer por mim o que sozinho não consegui.

Lutem por si mesmos, eu vou ficar bem. Se alguém estiver perdido, eu também estarei me procurando. Perdoem-me por não ser aquele herói que vocês gostariam que eu fosse. Perdoem-me por eu não poder ser tudo isso, me perdoem por ter pensado apenas em mim.

Ouça em alto e bom som: Live - T.B.D

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quarta-feira, setembro 01, 2004

Outras novas ilusões

Postado por Elisandro Borges


Vejo pessoas falando de ilusão. Elas temem a ilusão. E a grande incoerência disso tudo é que nós somos a própria ilusão. A vida é uma ilusão. O dinheiro é uma ilusão. A fome é uma ilusão, a morte é uma ilusão. Amar é ilusão, lutar é ilusão. Perder ou ganhar será ilusão. Teremos ilusão entre o céu e o inferno, entre a dor e o alívio. Ilusões - elas interagem entre si. Na felicidade ou na depressão, teremos ilusão. Mais uma vez, em nosso íntimo, temos forças que confundem-se entre o bem e o mal. O homem e suas esperanças são nada mais que ilusões. Ilusões de um lugar que não lhe pertence. O homem e suas cartilhas do passado com crenças cegas de subserviência. Ao me pedirem pra sonhar com os pés no chão, me resta dizer que o chão onde piso agora, é de pura ilusão, e se um dia esse chão me faltar, eu cairei... Cairei em um outro mundo, de novas histórias, e assim sendo, de outras novas ilusões.

Ouça em alto e bom som: Massive Attack - Teardrop

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quarta-feira, agosto 25, 2004

Hein?

Postado por Elisandro Borges


Hoje. Só por hoje não quero arrancar de mim um sorriso como quem extrai um dente sem anestesia. Assim eu não preciso olhar pra ninguém e sem intervalos eu me calo, não preciso de respostas. Não sinto a necessidade de questionar Deus ou quaisquer que sejam essas inquietações. Só não sou capaz de trocar gentilezas quando essas estão ausentes por aqui. Fica o que tiver de ficar. Eu estou saindo e quero dizer obrigado. Que essa seja a última palavra. Nossa, não entendi nada do que eu quis dizer. Mas pelo menos vou poder postar a música. Êta nóis!!!! Olha só esse som do Cake, os caras são muito engraçados e essa música é ótima pra tirar a remela do olho. Sei lá o que eu quis dizer com isso...

Ouça em alto e bom som:Cake - Jolene


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quarta-feira, agosto 18, 2004

Voragens de dezembro

Postado por Elisandro Borges



Não importa quão longe.
Amor que alimenta o fluxo de um músculo.
Sempre inconsciente de suas batidas involuntárias.
Não entende nada, mas precisa bater. E assim bate.
São voragens de nossas origens.
Origens de dezembro, origens do fogo.
Músculo que sangra por dentro. E assim bate.
Sangue que corre na intimidade dessa pele paquiderme.
Pele que ainda expõe o frio que restou de outras temporadas.
Frio agora externo e superficial que aqui nada mais atinge.
Nada. Nada mais atinge o turbilhão que arde por dentro.
Esse turbilhão que arde por alguém.
Esse turbilhão... Que arde por
ela.

Ouça em alto e bom som:
Fiona Apple - On The Bound


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segunda-feira, agosto 09, 2004

Chutemos o balde

Postado por Elisandro Borges



O barraco está armado! Ou será a barraca? Não importa. Deixem os moleques remelentos comerem barro, deixem as velhas virgens viverem em paz com seus brinquedinhos bulinantes. Todos têm o direito de serem doidos e esculhambar uma hora. Mas vem cá, quem é que sabe o hino nacional de cor? A primeira parte até que dá pra enrolar, mas pra evitar o vexame da segunda, eu já fico calado desde o início, pelo menos posso fingir que o silêncio é o respeito mor. Eu quero é esculachar. Quebremos as regras e os braços de quem se atrever a nos podar. Futilidades à parte, revoluções programadas, estaremos aqui. Gritem, saiam dos cantos mofados (olha quem fala...). A lei universal será recriada. Procriem idéias soltas e verbalizem-se! Destravem as portas, soltem os cachorros e joguem fora todo o lixo que estava acumulando em seus aposentos!

Ouça em alto e bom som:
Papa Roach - Getting Away With Murder

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quarta-feira, agosto 04, 2004

Intro

Postado por Elisandro Borges



Era possível ver a própria imagem refletida na água. Chegou mais perto e então viu. Mais uma vez estava do outro lado. Agora não havia mais como discernir qual dos lados era real. Perdia-se nas ondas que tremulavam aquele reflexo. Ali ficou por muito tempo. A intensidade das ondas envolvia sem pressa o seu antro interno. O sopro do vento agitava a superfície, e novas ondas se formavam. Intro, disperso, leve, vago e nulo. Seu pensamento era força que anestesiava o medo e reacendia seus instintos. Livre por um instante. O vento continuava a soprar em ocasiões aleatórias, levando junto os brados contidos em dias de dúvidas. Horas impróprias. Horas em que deveria ter gritado, horas em que deveria ter visto, horas em que não deveria ter vacilado. O vento leva, o calor derrete e o sol sela a boca sequiosa. A mesma água que lhe devolve a imagem, assim lhe restitui o viço. De volta, a vida, num espiral de ciclos contínuos...

Ouça em alto e bom som:
Radiohead - High and Dry



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segunda-feira, agosto 02, 2004

Temos o que somos

Postado por Elisandro Borges



Crescer, sair da inércia. O que significa segurança, ou certeza? Estabilidade? Estar satisfeito ou sempre buscando? Onde está a medida? Equilíbrio? Misturando todas as sensações e expectativas, fazendo de todos os dias um motivo de impulso, de desejo. Desejo de respirar ares melhores. O melhor, sempre atrás do melhor. Mas então onde mora a satisfação, se ficamos praticamente a vida inteira tentando alcançar algo que ainda não temos? Ter, ter, ter, possuir, até quando? Eu quero saber. Se eu pudesse simplesmente ser e não precisar ter, tudo seria diferente. Tudo. Ter um lugar ao sol, ter... Temos o que somos, não somos o que temos.

Ouça em alto e bom som:
Massive Attack & Tricky - Karmacoma



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quinta-feira, julho 29, 2004

Chove aqui dentro

Postado por Elisandro Borges


Você está pegando chuva mais uma vez. O que te deu na cabeça pra ficar sentado na porta de casa se molhando todo? Quem te ensinou a beber água da chuva? Quem te ensinou a conversar sozinho? O que te faz pensar tanto e olhar para o nada como se tudo a sua frente fosse transparente? Você desligou, simplesmente desligou. Volta aqui, aonde você vai? Sei que as coisas que rondam seus pensamentos são só pedaços. Por onde andou deixando esses pedaços?

Ainda chove forte, e sei que chove aí dentro também. Você não pode mais evitar as águas, elas estão transbordando agora. Os seus olhos não vão mais segurar esse peso. Esse nariz escorrendo não é de gripe e a voz engasgada por fim pede calmaria. Ela fica em silêncio por fora e imóvel por dentro. Sei que não precisa chamar a atenção de ninguém e quando alguém percebe, você disfarça, distancia. Você quis evitar as pessoas, quis evitar suas fraquezas. Mas são essas fraquezas os seus maiores moldes. Olhe só pra você e pare de chorar como criança que tropeçou no cadarço daquele tênis desbotado. Você precisa se acostumar a amarrar seus cadarços por conta própria, agora é praticamente só você por essas bandas.

Entenda, seus limites têm um espaço, limites que travam sua visão. Abra bem a pupila e deixe a luz entrar. Perceba que existem vozes de pessoas reais do lado de fora. Perceba. Simplesmente comece por perceber que pessoas precisam de atenção, e que elas uma hora sentirão falta disso. Comece a enxergar que você não é o único e que seu lado ególatra pode te isolar de novas caras ao redor. Eu sei que sua cabeça está explodindo e que a pressão parece massacrar sua razão. Mas vai, encontre o seu abrigo. Levanta esse astral, escreva uma carta pra você e dê um dia de descanso para suas autocobranças. Enquanto essa chuva não passa, faça um chá quente... Descanse um pouco e cuide bem de você.

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quarta-feira, julho 28, 2004

Aos poucos

Postado por Elisandro Borges

Escrever em abstrato. Escrever sobre abstrato. Quero esquecer as regras que me prendem as idéias. Já pensei em abandonar esse mundo de imaginações, mas notei que ele me mantém respirando. É assim que respiro, com a imaginação. É tudo uma viagem, mas uma viagem que ainda assim existe. Não é delírio da minha parte, são sonhos. Alguns bem definidos, outros que não consigo me lembrar. Os bem definidos, carrego todos os minutos comigo. Aos poucos, sempre aos poucos. Os sonhos estão vindo aos poucos. Estou vendo coisas boas pela frente. Eu sinto, eu sinto. Algo me diz isso. Agora, estou sonhando de novo. Vou montar esse sonho. Montar ele de verdade. Já estou encaixando as peças, e não faço isso sozinho. Já está tudo desenhado. Tudo. E como tudo é relativo, detalhes ficarão a acrescentar...

Ouça em alto e bom som:
Maroon 5 - This Love

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sábado, julho 24, 2004

Muita dor

Postado por Elisandro Borges

Dor. Ela quase explodiu meu cérebro. Vírus: Nile, ou West Nile. Uma semana lutando contra esse bicho. Uma semana, ainda estou meio mole. Pensei que não ia agüentar a dor. Não tenho muito o que dizer ultimamente. É só uma fase. Só uma fase, vai passar. O que tenho realmente a fazer é pedir desculpas a todos que vieram com carinho aqui, comentaram e não receberam nenhum sinal de vida meu. Já estou dando um jeito de conseguir uma folga por semana, aí vou ter um dia todo pra visitar cada um. Ah, o piano dessa música é diiiiiiimais!

Ouça em alto e bom som:
Coldplay - Trouble

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domingo, julho 04, 2004

Metade

Postado por Elisandro Borges

Metade de um ano. Metade de um bolo, metade de uma época. Minhas metades que não se acabam. Metade que eu nunca dividi, metade inteira. Duas metades. Duas metáforas. Tire-me de volta o que te leva. Somos só metades. Ficou em partes, duas metades. O seu colo que encaixa em metades. Metade eu abraço. Metade eu sinto. Essa metade deixada nas entrelinhas. Sua imagem de metade separa-se do que é alheio ao nosso vínculo.Estou dentro do vazio que te contempla. Um gosto de metade. Embrulho em desejos de calor entregue a uma metade. Estende-se a busca de retratos em cortes vagos e incompletos. Espaço, vírgulas e reticências... Sonhei com duas metades. Uma era você e a outra... Pelo que me lembro, Era só a metade que te faltava.

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sexta-feira, junho 25, 2004

Sonho, deserto e fuga

Postado por Elisandro Borges

*O nome do personagem é fictício, mas tentei relatar na forma de um conto, o que aconteceu com um amigo meu ao atravessar a fronteira do México com os EUA.

“Corra! Não olhe para trás!” Ele deixou tudo o que tinha em mãos, jogou a garrafa d’água e a mochila fora, sem rumo, ele correu como nunca... Estava escuro e o deserto era muito vasto. Carlos era sinônimo de puro impulso naquela hora. O instinto de sobrevivência falou mais alto e suas pernas ganhavam chão sem fim. Não havia nada em seu coração, apenas medo e taquicardia. Os gritos de tormentos dos colegas ao redor o faziam disparar ainda mais. Salve-se quem puder. Esse era o lema. A polícia da fronteira estava escondida e surpreendeu o grupo a poucos passos do sonho americano. A travessia no deserto do México estava para chegar ao fim. No entanto, nada o fazia parar de correr. Tudo o que ele possuía agora era uma calça dilacerada e a camisa rasgada pelos arames farpados que esbarrou durante o caminho. Em seu bolso, apenas documentos, mais nada. Sua sorte fora entregue.

A poucos metros de sua frente, avistou um outro homem correndo em desespero. E por incrível que pareça, aquele era um dos coiotes que o guiaria mais tarde. Dessa vez, Carlos foi o escolhido, ele finalmente alcançou o homem e pôde ter certeza de que era a pessoa certa. Dali para frente, sua alternativa era tentar encontrar forças para continuar. O sol começou a clarear o deserto. Não havia mais ninguém por perto. Nesse momento, o maior inimigo era o calor causticante. Areia por todos os lados, cansaço, sede, desesperança... Sem contato algum com o mundo, ele seguia em frente buscando um sinal de vida. Suas energias eram injustamente desproporcionais ao espaço que ainda faltava percorrer.

O seu organismo não tinha líquido sequer para uma lágrima. Ele já estava quase que implorando a Deus para ser pego pelos policiais, pois ao menos assim teria água para beber. Foram horas a fio de muita luta e sofrimento. Carlos conseguiu superar seus próprios limites. Sua fé o manteve vivo e a necessidade de atingir um norte em sua vida foi dominante. O coiote encontrou o caminho de volta e por um milagre atravessou aquele homem de 32 anos. Hoje, Carlos pisa em terras menos inóspitas e é supervisor em uma central telefônica na qual trabalho, em San Francisco, Ca. Exemplo de força, perseverança e humildade. Um ideal levado às últimas conseqüências.

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domingo, junho 20, 2004

Vivendo da luz!

Postado por Elisandro Borges

Você não precisa comer, não precisa beber nada, simplesmente olhe para o sol durante a manhã por alguns segundos e será o suficiente. Pasmem, pelo menos muita gente alega viver assim, alimentando-se apenas da luz do sol. A escritora e metafísica Evelyn Levy, é um desses milhares de seres hu (Deus) manos (homem) espalhados pelo mundo. Em 2001, foi entrevistada por Jô Soares e deixou muitos sem rumo de casa depois do que viram. Quando vi a matéria na época, meus olhos foram completamente abduzidos pelo assunto. Mal pude respirar, não podia piscar, pois cada milésimo de segundo era precioso. Para saber mais, é só clicar na imagem. Claro, por favor, me falem o que vcs acham disso tudo. Valeu!!!

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terça-feira, junho 15, 2004

Suposições de uma vida real

Postado por Elisandro Borges

Fotos em minha mente. É, só mesmo em minha mente, porque fisicamente tenho poucas e as poucas que tenho, ficaram em Goiânia. Quase todos os meus amigos e parentes me pedem fotos, pois a distância que nos separa é cruel e no momento, a única forma de manter a lembrança bem viva é através de fotos. O grande empecilho é a minha própria limitação. Desde que me mudei para a Califórnia e fiquei longe de todas as pessoas que amo, tenho me tornado um pedaço de ser humano largado ao acaso. Não piso lá fora, a não ser para ir trabalhar e voltar pra casa.

Não freqüento lugares turísticos, não tiro fotos e com a cara ruborescida, confesso: mal sei o que é um cinema por aqui. Não comprei televisão, video ou qualquer coisa do gênero. Filme, só no lap top, mais nada. O mundo pra mim agora se restringe a um quarto, fico trancafiado nesse espaço e só saio por extrema necessidade. Pra falar a verdade, a única vez em que saí neste ano, foi para ver um show da Dido em Berkeley, ou seja, uma extrema necessidade pra quem não vive sem música. O lado positivo disso, é que tenho estado em contato intenso com a leitura e a escrita, tenho conhecido muita gente boa nesse mundo virtual, fiz e tenho feito muitas amizades nesse sentido. Isso é importante, é quase que insubstituível!

No entanto, acabo esbarrando nas fotos. Quando me pedem uma mísera fotinha, o que tenho a oferecer é apenas aquela solitária que tirei com minhas próprias mãos dentro de casa. Já implorei para os amigos me mandarem as fotos que eu tinha com eles por e-mal e cheguei a ajoelhar virtualmente para a minha prima desnaturada Aline, mas ninguém se sensibiliza com o cara. Eu quero fotos, quero lembranças, quero formas e preciso acreditar que a vida lá fora ainda é como eu imaginava... REAL.

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sábado, junho 12, 2004

Dia dos namorados?

Postado por Elisandro Borges

Que mané dia dos namorados que nada! Eu já estava me esquecendo desse dia, ainda bem que peguei um restinho da noite do dia 12 pra mencionar o dito. "Mim estar" sozinho, "mim não ter" nenhuma mãozinha pra fazer um cafuné. Esqueceu, agora sou um mendigo do amor também. As mendigas, pelo que eu saiba, estão meio abandonadas, catando o que aparece pela frente, caso contrário não fariam jus ao nome. Pelo menos isso essas mulheres fazem, porque na situação deplorável em que me encontro, nem beijar na boca não sei mais o que é. Mas não é preciso estar sozinho pra estar carente, vai, confessa, cada um de nós tem um quinhão dessa penúria. Tudo bem, para as que estão namorando, como a Pri Albuquerque, a Maitê, A Bia Biovoar (vou fingir que o Zé é seu namorado), a Carolzinha de Guarulhos, a "abrobrinha" da Laura lá do Japão, a poderosa Isis, minha irmã Rosilane... Ah, tá bom, minha memória não é tão boa assim, vai relevando. Em suma, feliz dia triste e atrasado dos namorados! E força para os indigentes filiados!

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quarta-feira, junho 09, 2004

Imagens e promessas

Postado por Elisandro Borges

Não gosto de fazer drama da minha vida, prefiro suavizar o que me pesa. Prefiro tentar entender, mas não consigo. Não tenho me esforçado o suficiente para o meu crescimento. Entreguei ao mundo minhas promessas impulsivas que a necessidade me impôs na fase adulta - essa fase vitalícia de adolescente que veda seus olhos nas horas difíceis, para assim não ver as úlceras do mundo. São promessas que fiz para mim mesmo. Promessas simples de que algum dia buscarei algo que me puxe para frente. Num barco a deriva, quem está perdido agora sou eu. Mas vou tocando ele, ainda restam alguns mantimentos no porão. O estoque é bastante limitado, no entanto espero durar até que eu alcance o próximo porto.

Tenho também imagens de promessas que me fizeram na infância, as quais continuam bem guardadas. Várias promessas. Quando se é criança, ouve-se muitas delas. É frustrante para a miniatura de um ser humano descobrir que papai Noel nunca passou de uma farsa e que a mesma foi enganada por todo esse tempo. Foram presentes derivados de uma imagem sabotada, ainda que com intenção genuína de nos agradar. Desde pequenos, aprendemos a sentir a frustração em suas diversas caras. A maioria de nossos pais até que tentou evitá-las, mas sempre chega a hora de enxergarmos o dever que nos pertence, a hora em que tomamos uma atitude e partimos pra labuta, pois sem querer ser redundante em tudo o que falo e já sendo, mais uma vez algo é preciso ser feito...


Ouça em alto e bom som: The Coors – Only when I sleep

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Frase idiota da vez:

Postado por Elisandro Borges

A frase era tão idiota que foi deletada...

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sexta-feira, junho 04, 2004

Eu não sou cachorro não!

Postado por Elisandro Borges

Vem cá, vamos falar de traição. Antes de qualquer coisa, deixa eu expulsar os bichos que estão aqui dentro e de antemão aviso: ESTE TEXTO CONTÉM FRASES EXPLÍCITAS E PALAVRAS DE BAIXO CALÃO. Vou ser curto e grosso, mais grosso do que curto. Odeio essa puta! Podre e fétida ao cubo! Acho a maior falsidade do mundo trair alguém! Tudo bem que a carne é fraca, mas se você não consegue segurar a pixirica, ou o bastonete endiabrado, que não arrume nenhum compromisso então. Não falo só de sexo, um simples beijo já é o bastante pra por tudo por água abaixo. Eu sou careta sim, e sempre terei a honra de ser!!! Quero deixar isso bem claro, e não vou medir palavras, não vou reprimir a indignação que corre solta em minhas veias. Será que é realmente engraçado enganar alguém, é divertido? Me conta!

Tenho que esfriar a cabeça, ou melhor, as cabeças. Só de tocar nesse assunto, já me dá nos nervos! Mas é algo que vou ter que me acostumar ou simplesmente terei que evitar qualquer tentativa de relacionamento. Existe gente fiel nesse mundo, sei que existe. O foda é que não há critério ou qualquer espécie de padrão pra esse caso. Não adianta eu procurar uma mulher feia e destruída, porque as feias também traem. Já pensei em investir nas religiosas, mas vi muita gente ganhando bíblia de presente e ainda de lambuja, um belo par de cones salientes. Talvez essas pessoas estejam escrevendo certo por linhas tortas, devem estar tentando nos mostrar que o perdão é a última cura para o século XXI. Perdão o caralho! “Ai, somos seres humanos, todos cometemos erros”. Cansei de ouvir isso e parafraseando meu amigo Geraldo: vai cagar no mato! E ainda tem uma amiga minha que diz que é melhor dividir uma lagosta suculenta com os amigos, do que comer sardinha na cumplicidade da solidão. Pelo amor de Deus, né Rubia, me poupa o cabeção!

Infidelidade não é circunstância, é inconstância de caráter e em algumas pessoas, chega a ser um hábito, um passatempo. Vejo muita gente rindo e espalhando o crime aos amigos como se fosse um troféu. Não acredito muito em pureza, nunca conheci uma mulher sequer que não tenha traído ao menos uma vez. Acho que os homens são piores ainda, mas por incrível que pareça, conheço um ou dois que nunca cometeram tamanha desfeita. Amo minhas amigas, meus amigos e minha família, não odeio as pessoas que traem, mas não aprovo, nunca aprovei, jamais aprovarei e continuarei batendo o pé. São 25 anos até agora, e se Deus quiser, terei muito tempo pela frente. Estou ciente de que nossas opiniões mudam com essa coleção de datas, mas o sentimento que tenho é quase um estilo de vida, é um ideal e luto com forças das quais mal posso entender de onde vêm. Sei que estou nadando contra a maré, e se assim for, que eu me canse só na hora da morte!


Depois de tomar umas cangibrinas, disfarce, certifique-se de que você é a única pessoa a ocupar o recinto, aí assim, finalmente ouça em alto e bom som:

Waldick Soriano - Eu não sou cachorro não

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Frase brilhante da vez:

Postado por Elisandro Borges

"Malandro é o pato, que já nasce com os dedos colados pra não usar aliança!"

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terça-feira, maio 25, 2004

Descompasso

Postado por Elisandro Borges

Esses são dias em branco. O que anda acontecendo com esse menino? Ele não sai mais pra brincar com os colegas de rua. Percebi que anda meio apático. Aqueles brinquedos estão todos abandonados pelo quarto e acho que desde que caiu do carrinho de rolimã, perdeu a vontade de brincar. Tenho tentado puxar conversa com o garoto, mas ele não quer saber de papo. O mocinho se trancou no quarto e nem televisão assiste mais com seus pais. Pedrinho sempre foi muito ativo, agitado, correndo pela casa e deixando um rastro de bagunça por onde quer que passasse. Esses são seus dias em branco. Dias em que o coração gela em silêncio cúmplice.

Procurei entender o que havia de errado com o seu mundo e descobri que não era o tombo que tinha levado do carrinho de rolimã. Foi uma queda sim, porém em proporções diferentes. Acabei encontrando uma carta escondida debaixo do travesseiro. Era de uma menina, da Clarinha. Seus pais estavam se mudando para outro país e não sobrou outra escolha. Ela teve que partir com eles. O amor nunca teve idade, ele também sabe ser precoce e dessa vez resolveu escolher duas pessoas em horas impróprias. Era a hora errada e ele errou mais uma vez. Será quem foi que errou? O tempo? Pedrinho? Os pais de Clarinha? Nenhuma justificativa ou qualquer palavra de consolo poderia tirar aquele aperto.

No fim da tarde, quando o sol começou a se pôr, voltou pra casa, sabe-se lá de onde e assim foi direto para o seu quarto. Lá ele ficou por horas, horas a fio. Sua mãe batia na porta e perguntava se estava tudo bem. Resposta? Nenhuma. Nada. Só mesmo a incerteza de Pedrinho quanto ao dia de amanhã e a dúvida ansiosa da mãe.

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segunda-feira, maio 24, 2004

Essa não é nenhuma novidade. O que digo agora pode até virar passado, mas o que passou acaba ficando e ainda carrego a imagem, a memória, a sensação... Não sou muito de ficar confessando coisas minuciosas dessa vida ligeiramente centrada em um único nariz – o meu próprio, mas prometo que vou tentar ser discreto.

Esse mundo de celibatário tá me deixando mais louco do que normalmente costumavam me conhecer. Não consigo parar de pensar nos trinta. Sei que ainda faltam mais ou menos quatro anos e meio, mas não estou sendo capaz de digerir o tempo que invade goela abaixo. Vejo minha sobrinha completando cinco anos e meus cabelos ainda continuam a cair. Minha cabeça mudou e minha opinião não sustenta mais o mesmo pensamento.

Vivo tentando criar um propósito novo, um objetivo que possa me manter em algum rumo, e mesmo não sabendo bem ao certo pra onde ir, não posso me dar ao luxo de parar. Essa corrida por dinheiro estressa qualquer aspirante a cidadão. Penso em ter filhos, talvez quem sabe, daqui a uns dez anos. Ao mesmo tempo em que penso isso, percebo o sofrimento que fiz meus pais passarem por minha causa. Tudo bem, não foi em vão. Existe sempre uma versão positiva pra essas coisas, até mesmo para o caos.

Resumindo, estou procurando ser feliz com o quinhão que ainda me resta e que assim há de me restar. Essa é a idéia. Dinheiro? É possível. Esquecer as pessoas que marcaram a minha vida? Isso não. É até covardia, um ultraje, uma afronta ao meu passado. Então deixa assim, enquanto o presente recomeça a cada segundo, vamos ver quem é que aparece da próxima vez...



Ouça em alto e bom som: Wallflowers - How good it can get

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Feche os olhos

Postado por Elisandro Borges

É estranho tentar abrir os olhos enquanto eles forçam para serem fechados ou até mesmo dizer qualquer coisa que se passa por aqui sem permissão e com um grau exacerbado de intolerância. Estou passando as noites em claro mais uma vez num divã sem precedentes.

Esse, por incrível que pareça, diz a verdade em tons de subserviência.
O rumo que esses pensamentos me levam ainda não permite premeditar as próximas estações. Elas são aleatórias em suas escolhas. De mudanças em mudanças vou colhendo fragmentos de contentamento e assim satisfaço o pouco que me sobra em acomodações ociosas do tempo.
Esses espaços em que me encontro por entre letras e sons dispersos deixam resquícios de indisciplina.

A lei do menor esforço é quase que onipotente e sua ação parece entorpecer em overdoses as lentes pelas quais enxergo o mundo.
É preciso lutar contra a decadência dos dias que nos fazem seres menos humanos. Os ponteiros giram implacavelmente.
A gravidade não perdoa a elasticidade da pele, mas também não tem o poder de anular as evidências de uma mente em expansão.
Desafios involuntários nos acertam em cheio nos supostos acasos que nos acometem em dias incertos.
Onde estão aqueles pés descalços que não encontram chão macio? E esse rosto desguarnecido que insiste em dar de cara com a intransigência?

Não foi nenhum homem velho que lhe aconselhou desde que você percebeu pela primeira vez os cinco sentidos.
A sua própria consciência urra em sequências desconexas nos sonhos em que lhe visita.
Sua comunicação interna pede socorro, ela encarecidamente implora por um norte.
Sua forma linear de compreender os fatos lhe cega o mais simples do bom-senso.
As paredes fechadas e janelas cobertas não deixam o sol entrar em suas devidas proporções.
Pode fechar os olhos agora.
Você já viu tudo o que foi permitido, inclusive o que não lhe competia tal interesse particular.
Feche os olhos.

Agora sim vai poder enxergar de verdade...



Ouça em alto e bom som: Portishead - Roads

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É assim...

Postado por Elisandro Borges

Aprendi que basicamente supomos muitas coisas e assim tentamos acreditar em nossas suposições. Aprendi que é preciso podar um pensamento negativo, pois ele prolifera-se em proporções imensuráveis. Aprendi que quando a gente corta, sangra... E que algumas pessoas são diferentes, outras indiferentes. Aprendi que se a gente não se cuidar, dificilmente o mundo vai se mover voluntariamente em nossos passos. Aprendi que se descobre verdadeiros amigos e que essa é uma questão de intuição e ponderação de julgamentos. Aprendi que em certas horas é necessário ter a memória curta, pois assim fica mais fácil perdoar.

Continuo aprendendo que minha estupidez é motivo de reflexão e que dessa forma eu posso entender melhor a estupidez dos outros. Aprendi que as almas nem sempre se topam, que nem todos vão com a sua cara, mas que existe um jeito para quase tudo. Sei que não basta dizer o que se pensa, e que é oportuno pensar antes no que dizer para não ter que digerir conseqüências intragáveis. Sei que muitas de nossas palavras não são verdadeiramente nossas, ainda assim, quando fazemos dessas uma atitude, encontramos um estilo de viver que se torna particularidade, embora a mesma confunde-se em semelhanças alheias.

Sei que não quero parar, mas de vez em quando é preciso sim, olhar para trás e tentar entender o que está acontecendo agora. Não consigo predizer o futuro e tenho falhado em muitas de minhas hipóteses, por isso é apropriado construir uma base mais sólida em nossa volta, base essa que seja capaz de suportar eventuais turbulências.

É engraçado, mas não adianta. Não adianta fechar as portas, de um jeito ou de outro, por mais fechadas que essas estejam, a poeira sempre acaba entrando e a única alternativa é continuar limpando essa sujeira. Esse não é o caso, o problema é deixá-la acumular na cabecinha enclausurada. Aprendi também que as palavras rebuscadas não surtem efeito quando colocadas ao esmo. Aprendi que a simplicidade é o melhor anti-sensacionalismo para os nossos medos arraigados. Pra quê complicar as coisas e colocar dificuldade em tudo? É assim. Complicado demais para entender que focinho de porco nunca foi tomada...


Ouça em alto e bom som: A Perfect Circle - The Outsider

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Poder

Postado por Elisandro Borges

Impublicável foi e tem sido. Sem essa de que vou censurar os meus instintos. Colocá-los no papel não vai ferir ninguém e eles não deveriam afetar aquela mania de pudor a cada capricho sobre medida. Tem tempo que não digo o que penso. Contenho a opinião e o silêncio guarda o impulso. É proibido pensar alto, suas idéias estão chegando a ouvidos estranhos e elas incomodam a ponto de interferir no ar em que respiram.

Verdades absolutas não deixam espaço para qualquer tentativa de contra-argumento. Silêncio mais uma vez. Uma voz se cala. O excesso de poder o faz menos humano e turva suas decisões antes consideradas democráticas. Poder. Ao que te pertence, sinta essa força, mas não passe por cima de ninguém. Detalhe, a vida costuma passear por entre a gente e pessoas se encontram lá na frente. Paciência com os que não entendem a sua língua. Não maltrate e nem seja rude. Não quebre aquele prato, talvez precisará usá-lo em horas de pouca abundância.


Ouça em alto e bom som: Faith No More - Evidence

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On kô tô?

Postado por Elisandro Borges

Livro, caderno, passaporte, relógio, tudo espalhado pelo chão. Na verdade eu não entro em meu quarto, eu mergulho de ponta e acabo me perdendo no meio de tanta bagunça proveniente de uma mente em pleno colapso. Impressionante! Já pensei até em por um trampolim aqui na porta. Tem até par de meias atrás da cortina. Aliás, elas não estão lá à toa. A intenção é fazer da janela um varal e assim não precisar ficar indo muito longe.

Morar "sozinho" tem desses improvisos, ainda mais em um país distante e tampouco familiar. Sem falar da comida. E a comida? Como é que fica? Bom, como cozinheiro tudo o que faço bem mesmo é um ovo mexido, uma beleza, pelo menos nunca reclamaram do cheiro, mas provar que é bom só eu mesmo pra correr o risco.

No entanto, desconsiderando a zona instalada pela pessoa que vos fala, o globo segue girando e graças à gravidade tenho conseguido manter os pés relativamente no chão, embora muitas vezes nem a gravidade é capaz de controlar a órbita em que gravito...



Ouça em alto e bom som: Damien Rice - Volcano

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Maré russa

Postado por Elisandro Borges

Nesse momento estou feliz, daqui a pouco vou estar triste, mas depois estarei feliz de novo, e depois triste, e depois feliz...

Isso tá parecendo brincadeira de “bem me quer”, “mal me quer”. Espero que a mesma termine em “bem me quer”, é claro. Essa constante oscilação entre altos e baixos é uma realidade praticamente imutável. Já ouviu falar em maré Russa? É exatamente isso que você tá pensando, é a mistura entre montanha russa e as marés que enchem e esvaziam o nosso território. Acho que o único e último ser inexoravelmente feliz é o bonecão do posto mesmo. Eu ia falar do pinóquio - aquele bicho de madeira ordinário e literalmente cara de pau, mas aí lembrei que na verdade ele é completamente frustrado por não ter virado gente, enquanto que o bonecão do posto não tá nem aí pra isso.

Sabe de uma coisa, já estou enjoado desse papo superficial de felicidade e de todos os textos ou cursos que tentam ensinar passo a passo com você os segredos de como ser um trequinho feliz, sem mencionar e já mencionando as diversas opções de pagamentos facilitados. Só falta irem receber em domicílio.

Não consigo mais ler manuais de autodestruição, ou melhor, de auto-ajuda. Hoje, qualquer migalha com o título: “Seja uma pessoa feliz em 10 dias e conquiste o seu próprio sucesso”, tem o poder de me dar dor de barriga, daquelas que nem elixir paregórico é capaz de curar. Acho podre qualquer tipo de clichê, se bem que às vezes me agracio com a infelicidade de ser o próprio em pessoa.

Em suma, nem mesmo os mais pragmáticos religiosos são felizes o tempo todo. Não adianta falarem que aquele vazio que sentimos é falta de Deus no coração, porque eles também são irmãos dos homens do mundo, e da mesma forma, sentem tristeza ou felicidade de acordo com o que vivem em cada situação. Chega de conversa. Deus nos fez seres humanos, e isso já é o bastante para responder quase todas as incógnitas a esse respeito...



Ouça em alto e bom som: Placebo - Where is my mind

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O simples fato de ser

Postado por Elisandro Borges

Ela não está em todos os lugares. Quase todos eles estão nela.
Ela não move um passo sequer até que um sopro de consciência lhe faça sentir a fome ególatra que suplica por saciedade. Essa fome deseja ser sufocada e não mais sentida. Ela pede para desvincular-se das amarras que a limitam.

Os bardos até que tentam agradá-la com palavras rebuscadas, mas em vão, apenas alimentam sua ingênua e contraditória auto-suficiência. Ela se debate contra seu próprio eu, busca alívio e soluça em lágrimas amargas. Já não assina mais o nome em seus versos. Não há mais a necessidade gritante de vitória ou o medo da derrota, há somente a simplicidade.

Há somente ela... Seja ela então, o que enternece o simples fato de ser.

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Epiderme

Postado por Elisandro Borges

Longe, muito longe do que eu poderia tocar e perceber o que era real. Acordei, mas fechei os olhos o mais rápido possível para tentar buscar aquele sonho interrompido. Já era, se apagou. Nada, absolutamente nada era capaz de trazer mais uma vez a sensação insubstituível.

Enquanto a voz macia me engolia por inteiro, eu me rendia sem saber o que estava acontecendo. Não existia cenário, não existia ninguém à nossa volta, e tudo o que se ouvia era a respiração ofegante em uníssono.

Epiderme... Éramos uma pele só.

Sua boca úmida e faminta deslizava sobre a carne pulsante. Um gosto de tequila e limão entorpecia o beijo em temperaturas incontroláveis. Irremediavelmente viciante. Não tive tempo de perguntar o nome dela. O seu rosto desapareceu no momento em que o sol transpassou a alcova de vidro.

E como sempre, amanheceu, simplesmente amanheceu...


Ouça em alto e bom som: Sevendust - Live again

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Que atirem os primeiros ovos

Postado por Elisandro Borges

Por mais remota que seja a possibilidade de encontrar uma explicação para o comportamento humano, volto a questionar essa necessidade quase que compulsiva de achar uma forma de expressar o que sinto. Às vezes falta assunto, mas a vontade de escrever não pára. Esse vulcão em plena erupção sem chamas me faz agonizar com tanta falta de inspiração. Preciso de conteúdo. Leio, leio e continuo lendo. Porém, ao fazer um balanço de tudo que tenho absorvido até o presente momento, percebo que tenho procurado as mesmas coisas de sempre. As fontes de tudo que aprendo continuam as mesmas. Não houve inovação. Aliás, tal palavra me soa um tanto quanto deslocada. Maçante isso, viu! Não vejo sentido nenhum em mascar o mesmo chiclete até perder o gosto e continuar esmagando aquela borracha interminável dentro da boca. É mais ou menos assim que funciona nossa mente preguiçosa, na hora de pensar, todo mundo quer dormir ou ir para o primeiro boteco pra falar “bestera” e rir da “doidera”(só pra rimar).

Nossa, como eu gostaria de ter o mínimo de interesse por política. O problema é que acho essas coisas um tédio completo acompanhado de bônus. Sei que precisamos estar informados sobre o que está acontecendo à nossa volta, mas simplesmente não dá pra ler um parágrafo sequer sobre qualquer assunto relacionado à POLÍTICA. Às vezes me arrisco a dar uma espiada meio às escuras nos sites afins, mas imediatamente perco o tesão. É por isso que as pessoas se juntam aos semelhantes. Tem coisa mais desconfortante do que estar na casa de alguém e de repente um estranho te abordar com a seguinte pergunta: “E aí, o quê você está achando da nossa política?”. Indubitavelmente, um buraco negro emanaria das profundezas do meu ser, caso algum cidadão manifestasse tamanha impertinência. Lembro-me daquele tipo de aniversário, daquele do amigo do primo de um conhecido da irmã de uma vizinha da avó do Antônio, que do nada resolve te convidar. E o pior é que, sem nada melhor pra fazer, você acaba arriscando a pele. Dá no que dá. Aquele tanto de gente estranha te faz sentir um astronauta pisando em terras inóspitas.

Podem me falar o que quiserem, mas minha opinião desinformada e boiante não faz questão de pegar as trouxas e se mudar daqui. Mas que política é um saco, não vacilo em dizer, é um porre!!! Simplesmente broxxxante. Eu achava que isso ia passar com a idade, mas já se foram dez anos desde que tive a primeira brilhante dedução. Ouvi falar também que isso tudo vai sarar quando eu casar. Façam as apostas então. Estarei torcendo por vocês, ou melhor, por minha risível compreensão da política que assola esse país. Não é possível que eu não sirva nem pra jogar ovo em político. Desprezível a indiferença do rapaz, desprezível!


Ouça em alto e bom som: Live - Run Away

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Recado 1

Postado por Elisandro Borges

Por mais que eu tente ser um homem humilde, um filho melhor, um amigo melhor, a vida sempre aparece no caminho e expõe as falhas que deixei para trás. Espero que se um dia eu deixar uma dessas falhas pelo caminho, que a vida apareça de novo em minha frente e me acorde em quanto há tempo. Compreensão nas horas de intolerância, paciência nas horas de ansiedade e força nas horas difíceis.


Ouça em alto e bom som: Incubus - The Warmth

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Sequestraram o Nesquick!!!

Postado por Elisandro Borges

Quem robou meu Nesquick?!! Isso é um sequestro psicológico muito grave! Não acredito que fuçaram em meu armário e tiraram ele de lá. O sacripanta que cometeu esse delito vai ter que aparecer por bem ou por mal! Só pode ser chantagem emocional, não tem cabimento. Será que não paguei o aluguel? Tá vendo o que dá morar de aluguel? Pessoas companheiras, conselho de amigo, trabalhem muito, o mais árduo possível, e quando puderem, não hesitem em comprar o próprio espaço, pelo menos não vão correr o mesmo risco que eu.

Para quem não conhece, os íntimos sabiamente me chamam de Zé do pão. Não vivo sem pão, mas sem Nesquick a vida é irrefutavelmente insípida. Simplesmente não dá pra ficar sem aquele gostinho de chocolate com leite que deleita na alma. É sério, bebo aquilo com a alma. Por sorte, terminei encontrando o cativeiro. Lá estava ele, escondido em condições completamente precárias. Não faço idéia, mas com uma proficiência de embasbacar qualquer perito em seqüestro, resgatei sagazmente minha felicidade confinada por alguns intermináveis segundos. Três colheres e um copo cheio de leite. Saudade que se mata em goles cavalares...


Ouça em alto e bom som, e recarregue os ânimos, por mais rastejante que seja qualquer segunda-feira: Jet - Are you gonna be my girl

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Cinco minutos de tolerância

Postado por Elisandro Borges

Podem me chamar de displicente, podem me chamar de preguiçoso, mas não abro mão dos meus cinco minutos de tolerância. O seu Edson que me perdoe, mas não consigo chegar pontualmente no trabalho. Pai, sei que você sempre se empenhou em me ajudar nesse ponto, mas algo me impede de ser assim. Esse nariz que não pára de escorrer sempre acaba me tomando os cinco minutos finais. Vamos lá, quando não estou gripado, outras desculpas aparecem do nada e me desligam da responsabilidade. Não consigo ver o tempo passar, e quando vejo, já foi. Principalmente quando estou em casa cuidando de minhas coisas.

Tudo que sei fazer aqui, é dormir em horários totalmente anormais. Pra se ter uma idéia, troquei literalmente a noite pelo dia. Chego em casa, mais ou menos às 5:00am. Entro no computador e só saio lá pelas 11:00am. Começo a dormir e o sol causticante lá fora me avisa que não sou mais uma pessoa comum entre os seres da minha espécie. Daí então, começo a dormir e acordo lá pelas 4:00pm. Volto ao ciclo vicioso da Internet, depois tomo um banho rápido, preparo alguma coisa pra comer e vou para o trabalho às 6:00pm. E assim seguem os meus dias previsíveis.

Nunca fui tão estranho aos meus próprios olhos. Essa vida bizarra me deixa completamente pasmo com a redoma que tenho criado em minha volta. Tá certo que estou vivendo em outro país, sozinho, longe de todos e talvez aí more um motivo bem sensato pra toda essa aberração. Seremos simplistas. Não existe segredo coisa nenhuma. O que acontece é que trabalho a noite inteira, resultado: não me sobra outra hora para dormir. Imagine como fica a cabeça desse alienígena? Vejo as pessoas como se elas não fossem reais. Só consigo enxergá-las em dollar (trocadilho imbecil, mas interessante).

Perdi a noção do que é um ser humano. Não sei mais o que é beijar na boca. Trabalhar de segunda a segunda não tem favorecido minha volta ao planeta dos humanóides. A verdade é que mesmo reservando uns dias de folga, não acredito que teria vontade de fazer contato com a civilização nativa. E eu achava que era um cara cosmopolita, versátil e sem maiores problemas com esse tipo de adaptação. Tá aí, é vivendo que a gente se engana. Achei que falar o idioma local me tornaria ao menos familiar para eles. Não me sinto nem um pouco assim. Me sinto um peixe fora d´água. E por falar em peixe, acabei de pular do aquário mais uma vez, tá vendo? O tempo passou voando e agora vou ter que fazer uso do meu velho, teimoso e inevitável... Cinco minutos de tolerância.




Ouça em alto e bom som, com o ouvido colado no alto-falante:
Dave Matthews Band - Gravedigger

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