segunda-feira, abril 11, 2005

Letárgico

Postado por Elisandro Borges

... Amor eterno é só uma imposição da nossa vontade mais frustrada de querer ser pra sempre.

Sonhar em vão é triste. Amar é triste e doloroso, e sempre tem um ponto final te esperando. Amor eterno é só uma imposição da nossa vontade mais frustrada de querer ser pra sempre. Amor eterno é morte lenta. E não quero me matar assim lentamente... Amar alguém é matar-se em doses pequenas e discretas, porque em algum momento algo vai morrer. O único amor saudável é o da amizade, da amizade simples e verdadeira. E onde existe paixão, existe morte inerente. A paixão consome, suga e destrói depois que passa esse torpor. É uma droga que te vicia. Ela chega e te atrai, quando você menos vê, já está dentro e não consegue mais sair. Dái, é esperar a dor chegar logo que a fantasia do começo for embora. E ela vai. Espera, que ela vai. Mas a gente, no fundo, de alguma forma precisa dessa dor, e se entrega um dia. Perde o sentido e se fere mais uma vez. Só que eu não quero precisar dessa dor. Não quero. Aqui dentro congela e assim me anestesia o peito. Quero ficar em estado letárgico até o fim. E uma hora o fim chega. Ele sempre chega. Isso sim, eu posso garantir. O fim é certo. Ainda assim, vou me enganar e tentar esquecer que ele existe. O fim é paciente, porque sabe que é certo e certeiro, quando a habilidade que nos cabe por aqui é exatamente essa - desviar-se do fim enquanto se pode. E amigos são ótimos paliativos nesse mérito. A vida passa. Que passe bem acompanhada então, no meu caso, de boas amizades, espero.

Ouça em alto e bom som: Muse - New Born

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