domingo, fevereiro 13, 2005

Câmara de tortura itinerante

Postado por Elisandro Borges


Ônibus de viagem lotado e as duas únicas poltronas disponíveis eram de frente à porta do banheiro. Não sabíamos que estávamos prestes a passar por um dos mais rigorosos testes de resistência humana que alguém poderia sequer ter sido submetido. Passados alguns minutos, um senhor futum decide pairar em férias sobre a atmosfera interior daquele caixote que nos envolvia em uma sórdida e sufocante experiência.

Se pegássemos no sono, era pesadelo atrás de pesadelo, como que numa angustiante tentativa do cérebro em nos acordar para uma vida melhor. Era em vão o eforço. Acordar não seria uma das mais acertadas opções, pois a realidade do ambiente solapava o único quinhão de oufato que ainda restara de nossos sentidos. Comecei a pensar em Deus nesse momento tortuoso. Comecei a acreditar que tudo era possível e lembrei que cada minuto representava uma oportunidade de mudanças. Contei... Contei... Contei cada minuto e me perdi em meio a tantas horas.

Para a salvação da lavoura, o ônibus pára em uma das estações e algo acontece. Àquela altura, nós estávamos semi-desmaiados e não foi possível destrinchar os detalhes do meio termo que nos devolveu a vida em requintes de ares novos. Passado o sufoco de 20 horas, estávamos livres daquela câmara de tortura itinerante. Pronto. Foi isso. Chega.

Ouça em alto e bom som: Qualquer barulho louco de Stomp!

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