segunda-feira, setembro 27, 2004

De cueca na esquina

Postado por Elisandro Borges


Na na na na, na na na, nao nao... O quê ce tá fazendo? Tô cantando, por quê, não pode mais cantar nesse buteco? Hein? Buteco? Não é boteco? Num interessa rapá, isso aqui é a casa da sogra. Então, é butecu mesmu, qual o pobrema? Nenhum, só tô perguntando. Mas, que música é essa? Ciranda-cirandinha? Que ciranda-cinrandinha! Me respeita!É rushi do Cula Chaquer, essa que tá tocando no blogui. Por falar em ciranda, você já levou a Giôgiô no parquinho hoje? Peraí, ce tá falando com quem afinal, não tem travessão nessa porra! Ô cabeção, e por acaso tem mais alguém por aqui? Tem, cê acha que ninguém lê essas baboseiras? Sei lá, só sei que a poupança bamerindus continua numa boa. Não existe mais bamerindus não fi. Ah, tô nem aí, qué sabê, vai ver se eu tô na esquina de cueca! Na na na na, na na na, nao nao...

Ouça em alto e bom som: Kula Shaker - Hush

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sábado, setembro 25, 2004

Mitos

Postado por Elisandro Borges


Tenho dormido de mal jeito esses últimos dias. Mal jeito que me deixou assim, imóvel. Talvez mal jeito seja a forma com que faço as coisas, talvez mal jeito seja o que sai da minha boca. Mal jeito seria alimentar todos esses mitos que nunca existiram, que blefam e tiram o sono, o nosso sono. Não dê ouvidos aos mitos, eles querem roubar a sua sanidade, querem sugar a sua paz. Me abraça agora. Deixa a verdade chegar, se esse fantasma for um mito, não vai voltar a te assustar. Independente de qual for o resultado, quero ser o seu homem, vem, encosta no meu peito. Tá ouvindo essa batida? É por você. Deixa ser o que tiver que ser, eu continuo aqui. Consegue ouvir a força que pulsa? É por você. Confie em mim. Estou aqui, meu amor, não vou a lugar nenhum sem você. Só não sei o que vou fazer com esse girassol, não tem nada a ver, agora já Elvis, mas até que ficou colorido, né?

Ouça em alto e bom som: Pj Harvey - Down By The Water

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terça-feira, setembro 14, 2004

São apenas hipóteses

Postado por Elisandro Borges


Vontade de descansar, vontade de respirar, vontade de apagar a mente, vontade de ser nulo, vontade de estar em um mundo mais leve, vontade de inexistência, vontade de alívio, vontade de tranqüilidade, vontade de viver os sonhos em vez de simplesmente sonhá-los. Não há mais fuga. Já fugi de todos, já fugi de mim. Não há mais pra onde ir. Não há mais. Não consigo enxergar, onde estão vocês? Não sei mais onde estou, não sei o que faço. Sinto muita dor por dentro. Sinto muita dor. Eu choro, mas pelo meu rosto nada escorre. Jamais me imaginei assim, sem forças. Talvez eu durma, talvez eu esqueça. São hipóteses. São apenas hipóteses.

Ouça em alto e bom som: Snow Patrol - Run

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quinta-feira, setembro 09, 2004

Colecionador de rasuras

Postado por Elisandro Borges


Ele colecionava pedaços de papel. Rasuras em pedaços soltos espalhados em sua pasta. O seu patrimônio estava todo em folhas de papel. Sua coleção de pensamentos próprios e alheios era o combustível que o mantia vivo. Esses papéis quando abertos, alimentavam todos, quem quer que por ali tenha passado os olhos. Homem em pedaços de papel, ali ele ficou, imortal, intacto. Sua alma um dia não estará mais conectada neste plano, mas os papéis, esses, amassados ou devidamente encapados em milhares de tiragens, passarão por novas décadas, chegarão até outras pessoas, com propósitos particulares, e sem dúvida alguma, terão mudado algo, de alguma forma, em algum lugar onde os afins acabam se encontrando.

Ouça em alto e bom som: Collective Soul - The World I Know

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terça-feira, setembro 07, 2004

Uma garrafa de vinho

Postado por Elisandro Borges


Assim as coisas podem ser ditas. Não há nada a esconder, talvez não haja motivos pra atitudes tão regradas. Seja ela o que for, o dia foi longo, essa moça precisa de uma distração. Anda tentando fugir de si mesma, tentando organizar a bagunça em sua cabeça atordoada. Respire, sinta, prove... Não sobrou nada além de pensamentos embaçados. Está vazio lá fora, é feriado. Agora o que ela vê é o seu reflexo em uma garrafa de vinho, dessas que mantém o sangue fluindo pelas veias. Uma garrafa de vinho pra dar a ela um pouco de alívio. Isso, uma garrafa de vinho – é tudo que ela precisa nesse minuto. Mais um dia se foi, mais um dia, e essa é a medida certa. Acredite ou não, mais um dia se foi. Mais uma garrafa, só mais uma garrafa de vinho.

Ouça em alto e bom som: The Devlins - Reckless

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domingo, setembro 05, 2004

Redoma

Postado por Elisandro Borges


Não me falem de barreiras, nem me contem histórias tristes. Não me assustem. Não me digam que o futuro é incerto. Não me falem de contradições, muito menos de realidade. Não me falem de miséria. Não me roubem a fantasia, não me tirem a redoma que criei durante esses anos. Não tentem fazer eu enxergar pelos seus olhos, me deixem assim. Não se preocupem, apenas torçam por mim, pois torcerei por vocês. Ninguém precisa aceitar meus ideais, não quero convencer os nossos moralistas, nem tampouco apontar quem está certo ou errado, quero apenas viver o que tenho pra viver.

Não pensem que abandonei o barco, esqueçam, não pensem nisso. Contem com o meu amor, mas não o vinculem ao capitalismo desse mundo. Não esperem que eu possa ser o maior exemplo da família, não esperem que eu possa agir como um ser humano completamente normal e sensato. Sensatez é a última das virtudes que vocês um dia poderão esperar de mim. Não sigam os meus passos e nem tentem fazer por mim o que sozinho não consegui.

Lutem por si mesmos, eu vou ficar bem. Se alguém estiver perdido, eu também estarei me procurando. Perdoem-me por não ser aquele herói que vocês gostariam que eu fosse. Perdoem-me por eu não poder ser tudo isso, me perdoem por ter pensado apenas em mim.

Ouça em alto e bom som: Live - T.B.D

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quarta-feira, setembro 01, 2004

Outras novas ilusões

Postado por Elisandro Borges


Vejo pessoas falando de ilusão. Elas temem a ilusão. E a grande incoerência disso tudo é que nós somos a própria ilusão. A vida é uma ilusão. O dinheiro é uma ilusão. A fome é uma ilusão, a morte é uma ilusão. Amar é ilusão, lutar é ilusão. Perder ou ganhar será ilusão. Teremos ilusão entre o céu e o inferno, entre a dor e o alívio. Ilusões - elas interagem entre si. Na felicidade ou na depressão, teremos ilusão. Mais uma vez, em nosso íntimo, temos forças que confundem-se entre o bem e o mal. O homem e suas esperanças são nada mais que ilusões. Ilusões de um lugar que não lhe pertence. O homem e suas cartilhas do passado com crenças cegas de subserviência. Ao me pedirem pra sonhar com os pés no chão, me resta dizer que o chão onde piso agora, é de pura ilusão, e se um dia esse chão me faltar, eu cairei... Cairei em um outro mundo, de novas histórias, e assim sendo, de outras novas ilusões.

Ouça em alto e bom som: Massive Attack - Teardrop

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