quinta-feira, dezembro 30, 2004

Matei mais um demônio

Postado por Elisandro Borges


Estou aprendendo a matar os meus demônios. Acordei mais uma vez durante o dia. Sim, durmo durante o dia, porque a noite não pode esperar. Demônios são clássicos em suas danças e querem nossos relicários. O mal é a face do bem que se distorce. Somos os dois lados. Matei mais um demônio. Estou me sentindo melhor. Meus demônios estão velhos e não são tão mais populares. Eles me libertam, porque morrem. Matei mais um demônio.

Ouça em alto e bom som: Nando Reis - Por Onde Andei

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segunda-feira, dezembro 27, 2004

Por mais dez minutos

Postado por Elisandro Borges


Você tem mais vinte minutos pra dormir. Quer dizer, agora na verdade são dez. É, realmente. Nem tinha reparado. Mas tudo bem, eu viro pro lado e quando o celular tocar, aperto o soneca, cê me entende? Aquele que te deixa dormir por mais dez minutos. Ah, sei. Pára de olhar no relógio! Desse jeito você não dorme nem dez minutos. E o que são dez minutos? Sei lá, só sei que dá moleza. Pra te ser sincero, nem tô dormindo. Tô escrevendo isso aqui. Ah, é? É. E por que os seus diálogos não têm travessão? Porque não mudei de personagem, ainda tô falando comigo mesmo. Entendi. Que bom, né? Que bom que você tem alguém assim tão íntimo pra trocar idéias e confissões. Eu sei, mas tem horas que nem dou valor a isso. Tem horas que não percebo quem eu sou, porque no fundo ando confuso com minha vida profissional. Ó, o celular tá despertando. Valeu, brigado. Já coloquei no soneca. Então são mais dez minutos? Isso, são mais dez minutos.

Ouça em alto e bom som:
Marisa Monte - Diariamente

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sábado, dezembro 25, 2004

Vou limpar esses cantos

Postado por Elisandro Borges



Vou ter que parar um minuto. Vou ter que limpar tudo isso aqui e organizar as coisas que ainda estão faltando. Vou ter que parar um minuto. Não quero parar um minuto e ficar no meio do caminho. Não quero demorar em dúvidas. Aliás, elas acabaram de passar. Passei pelas dúvidas. Vou limpar esses cantos, preciso cumprir a minha parte, vou limpar esses cantos.

Ouça em alto e bom som:
Pugna Puff - Não sei dizer

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quarta-feira, dezembro 22, 2004

Julguei, e sei quem acertou o seu Zé

Postado por Elisandro Borges


Eu leio vidas, não prometo interpretações acuradas. Vidas também são feitas para serem lidas. Penso em pessoas que disseram coisas importantes e às vezes chego a acreditar que por mais vaga que seja uma poesia, essa se faz mais certeira do que a própria política que nos desgoverna na nudez da ironia. Eu não sei o que dizer, não tenho o que dizer, mas não estou a fim de ficar calado. Quero ensinar meu filho a entender certas coisas, só que antes vou ter que aprender a entender poesia, porque pensar em fazer um filho já é outro porém.

Ainda assim, quero falar mal de alguém, o foda é que todos são seres umanos, desse jeito, sem h mesmo, pois qualquer um perde a cabeça um dia, por que não o h? É inconveniente falar mal do desconhecido. No entanto, continuo insistindo em falar mal de alguém. Provavelmente, julgar seria o caso. Julguei descomedidamente, tantas vezes que perdi a conta, já não sei mais contar. Julguei sim, julguei pessoas, sexualidade, raças, classes, cachorros... Taquei pedra em quem estava quieto, acertei até o seu zé do picolé.

Pensei que poderia entrar em conversas secundárias e expor os meus turbilhões de idéias às avessas. Idéias tão avessas que nem me dizem respeito. Aliás... Respeito. Interessante essa palavra. Enquanto isso, nossos pés querem ser beijados na ausência desse mito. Que aceitem nossas teorias conspiratórias sobre o que nem sabemos dizer. Todos, quase todos estão mudando o mundo. Tem gente que muda de lugar, esquenta um assento e muda um mundo. Em qual sentido, não sei bem ao certo. Certo... Não, é relativo. E isso é inevitável. Não sei dizer, eu não sei o que dizer.

Ouça em alto e bom som: Social Distortion - Reach For The Sky

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sexta-feira, dezembro 17, 2004

Depois que tudo passar

Postado por Elisandro Borges


O ano está aí, acabando. Sensação de que por mais árduo que possa ter sido, fantasmas foram exorcizados, e uma vida se recomeça ano que vem, em cores diversas. Com o ano novo, vem também a percepção de que o nosso ritmo é dividido em pequenas parcelas, assim, todo marcado em pedaços dispersos pelo calendário impostergável. Os dias estão todos cravados nele, com direito a feriados costumazes, ainda que insignificante para alguns, para outros um motivo a mais pra burlar tédios de rotinas ociosas. Provavelmente muitos fizeram divãs-amigos e amigos-divãs durante esse tempo, e sendo suave nas palavras, eventuais "desamigos" também.

Recados importantes foram esquecidos e extraviados em algum canto longínquo de nossas memórias. Tudo bem, é geralmente assim que levamos os nossos dias. Quando perguntam se estamos bem, dizemos que sim, não pensamos antes de responder, independente do que realmente se passa na omissão da intimidade. A premissa é: estar bem, talvez com alguém, quem sabe até mesmo na introspecção de uma solidão rasa. Que essa solidão seja apenas rasa então. Que seja de leve. Estar bem, por mais que pedras danifiquem os bonsais mais velhos de nosso jardim, a hora oportuna de viver coisas boas sempre chega. Anos novos são iguais em seus detalhes diferentes. Pessoas são iguais em suas diferenças particulares.

Como de praxe, a história que se formará lá na frente, terá brigas, tréguas, guerras e amores. Vamos ter as mesmas coisas de sempre. Vamos chegar atrasados em encontros, beijar muito na boca, vamos transar num daqueles moteis desconhecidos entre becos e esquinas. Vamos fazer churrascos e convidar nosso melhor amigo vegetariano. Façamos graça. Façam ou desfaçam apologias. Alcoolizem-se, convertam-se em padres ou freiras, percam o juízo na responsabilidade de si próprio, e se não for exigir muito esforço, olhe no olhos quando cumprimentar alguém. Seja brega, cafona, perca a postura de professores. Seja fino em modos prudentes, mas não esqueça de dizer foda-se de vez em quando também. Seja tranqüilo em ser. Não seja. Seja perfeitamente humano em suas imperfeições. Não esquentem muito a cabeça com os padrões, filtrem os conselhos, e depois que tudo passar, por favor, joguem o lixo da cozinha fora.

Ouça em alto e bom som: Morphine - A Head With Wings

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quarta-feira, dezembro 15, 2004

Sonhos em metáforas

Postado por Elisandro Borges


Tive um sonho essa noite. Sonhei que eu entrava em um supermercado enorme, mas quando via esse pelo lado de dentro, estava tudo deserto, vazio. Eu me sentia desolado. Não havia pessoas, não havia nada. Salvo o canto direito, que ainda existia uma mercearia bem pequena com um único funcionário. Eu também escutava a voz de um cara que eu não conseguia ver, e esse cara me explicava o porquê de todo aquele vazio, mas o restante do sonho são apenas brancos em minha memória. Não consigo me lembrar de mais nada além daquele rombo. Às vezes acho que o nosso subconsciente gosta de brincar com nossos sonhos em metáforas.

Ouça em alto e bom som: Fuel - Falls On Me

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terça-feira, dezembro 14, 2004

Bonzinhos e poetas

Postado por Elisandro Borges


Ser bom nem sempre é uma boa idéia. O indivíduo bom é geralmente um ser passivo e facilmente manipulável. Todo bonzinho no final acaba levando no cuzinho, nem que seja apenas pra ser bonzinho. Às vezes o bonzinho acha que rimar é uma arte generalizada e altamente altruísta, então ele decide que levar no cuzinho é ser bonzinho. Poeta de cabeceira, já acorda rimando: "quero ser bonzinho, nem que seja pra levar no cuzinho". Todo bonzinho é um poeta nato, pois rima sem fazer esforços. Gostamos muito dos bonzinhos, daqueles que não sabem dizer "não" e estão sempre prontos em seus devidos postos para servirem os mais dispendiosos caprichos alheios, custe o que custar.

Os "espertos" ficam ofendidos se outros discorrem um "não" em suas caras lavadas de segundas intenções. O bonzinho acha que dizer "sim" indiscriminavelmente, pode abrir suas portas em um futuro próximo, mas não consegue perceber que determinados sangue-sugas querem na verdade é abrir as portas dos fundos do nosso tão solicitado bonzinho. Rentável, venderemos bonzinhos com cuzinhos de fácil acesso para amostras grátis em feiras livres, afinal, quem é que não quer levar um desses pra casa?

Ouça em alto e bom som: P.O.D. - Boom

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segunda-feira, dezembro 13, 2004

Eles estão frios

Postado por Elisandro Borges


Os pés estão frios. Esconda debaixo desse cobertor, mas os pés continuam frios. Agora já está tudo quente em volta, e os pés, frios, eles estão frios, não só frios, secos também. Estão maltratados e esquecidos. Ficam guardados o tempo todo da luz do sol, eles não vêem a luz do sol. Respiram o ar confinado, não sobra espaço para os poros. É, os poros. Não respiram durante quase todo o tempo. Quando saem, sentem frio, eles estão frios. São apenas pés frios, de pessoas frias.

Ouça em alto e bom som: Drowning Pool - Tear Away

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sexta-feira, dezembro 10, 2004

Ensaio

Postado por Elisandro Borges


Escrevo de caneta naquele papel improvisado, e pra variar, a tinta falha e minha caligrafia cambaleante vacila em revelar a insegurança de um pré-adolescente ensaiando falas de adulto. Escrevo deitado mesmo, porque se levanto, perco as idéias. Fico tentando sonhar de pé, mas funciono melhor na horizontal, onde meus olhos fechados enxergam mais de perto a vida dando voltas por entre essas divagações. E foi assim, exatamente dessa forma que descobri o amor de volta. Foi divagando sem pressa mesmo.

Quando não soube o que dizer, apenas cumprimentei sem maiores pretenções em princípios de conversa. Acontece que princípios de conversa podem ser princípios de histórias também. Estou feliz agora. Mesmo afirmando que sou feliz em temporadas, mesmo sabendo que os dias são feitos de surpresas - agradáveis ou ruins - aceito a pausa, tento entender as entrelinhas. Vago... Vago são esses pensamentos de caras amassadas, justamente assim como quem acaba de acordar.

Não quero construir castelos de areias, eles são frágeis por demais. Não quero ver a água levando esses caprichos. Chega de comparações baratas, porque pessoas de verdade são caras. Quero manter as pessoas reais, ainda que virtuais, bem perto de mim. Repito: pessoas de verdade são caras. Todo esforço é pouco, porque mais uma vez, pessoas de verdade são caras.

Ouça em alto e bom som:
Staind - Faded

(download aqui)


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quarta-feira, dezembro 08, 2004

Meu aniversário

Postado por Elisandro Borges

Hoje é meu aniversário! Parabéns pra mim! Ih, esqueci de colocar a música aqui, depois eu coloco.

Fui com gosto de gás!

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sexta-feira, dezembro 03, 2004

Por entre as frestas

Postado por Elisandro Borges


Ela continua deslizando por entre as frestas, é, falo da mesma música. Acompanha minha respiração e esconde as horas de mim. Ela é intocável. Não tem lábios, sexo ou formas, mas é imortal. Perguntei o que faria se um dia não pudesse mais sentir aquele sopro calmo em meus ouvidos. Perguntei também se a levaria comigo pra qualquer lugar, qualquer um desses lugares que se tira a mochila das costas, só pra descansar debaixo da primeira sombra. Não sei até quando vou poder ficar andando por esses lados. Percebi alguém dizendo que o mundo era feio, só que isso nem de longe me afeta a memória. Acredito sim, ainda me recordo de coisas bonitas por aqui.

Ouça em alto e bom som:
John Mayer - Daughters

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