terça-feira, julho 03, 2007

O tempo que se consome

Postado por Elisandro Borges

Tenho tido essa forte tendência a associar o ócio ao prazer. A ignorância ao bem-estar. Aquela sensação de que quanto menos sabemos das coisas, mais tranqüilos somos. E a correria do mundo consome o tempo, e o tempo consome o homem. Tenho que chegar a algum lugar. Não quero ser mais o mesmo de sempre, com os mesmos hábitos e a escova de dente azul. Eu não preciso da preguiça nem do sono fora de hora, tampouco da apatia ou da grosseria fria da minha arrogância irracional. Preciso de uma bússola. Que os amigos perdoem a ausência. Preciso de uma bússola. E de uma identidade social... E o que mais me incomoda é a seguinte pergunta formal: Qual sua profissão? Fico reticente toda vez que tenho que responder a algo do gênero. Em alguns momentos me defini como designer, mas parei e pensei: Não, nunca trabalhei como designer. Tentei web designer, mas também não tem sido verdade. Professor de inglês, ficou no passado. Tradutor, não vingou. Que mais? Atendente em balcão de companhia aérea - passou e não volta mais, não quero. Currículos espalhados pela cidade, entrevistas e outras tentativas. Uma fase prolongada de auto-incompreensão. Que venham os concursos públicos. E espero que os amigos entendam a ausência. Perdoem caso eu não possa ajudar em algo ou se desapareci do nada. Não foi por ninguém, mas por mim. Essa fase vai passar, e espero que os amigos fiquem, ainda que não pude participar da vida de cada um como gostaria. Tenho todos comigo e os poucos que tenho estão sempre aqui em pensamento...

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