terça-feira, abril 05, 2005

Ironia jamais agressiva

Postado por Elisandro Borges

... Sua mente baseava-se na esperança da renovação, ainda que atingido por golpes de clava em fúria.

A casa era o mundo, por isso se sentia sempre em casa, onde o passado e o futuro estão mais em evidência que o próprio presente. Há uma sensibilidade, uma humanidade e a vontade vagamente citada na ironia jamais agressiva de suas palavras. Palavras estas, derivadas de Calvino e intrusamente redirecionadas por aqui. Sua mente baseava-se na esperança da renovação, ainda que atingido por golpes de clava em fúria. Há momentos na história que precisa-se unir a um lado ou outro da vida. E o diário que se escreve jamais será publicado, quando seu olhar já difere do que antes pensara dos comunas italianos esquisofrênicos e dissociados. Ele lembra quando se sentiu desajustado, estranho e hostil. Há zonas de existência que não podem se expor ao sol, pois elas também se perdem. Os lugares se perdem. No entanto, as plantas eram nomeadas com etiquetas em latim. Talvez ele tenha se tornado dono daquele lugar, mas se afastou, e os lugares se perderam de suas "posses" nunca antes adquiridas. Os cenários de sua infância davam formas ao seu contemporâneo. E dizia que Paris era a voz de uma enciclopédia e que os queijos com seus particulares conceitos, pareciam oferecer-se aos pratos curiosos e salivantes. E os homens que esperavam alguma coisa um do outro, já não sabiam mais o que esperar. São as cidades invisíveis. Todas com suas realidades e ficções, em caracteres maísculos e minúsculos, que separados por pontos e virgulas, ganhavam vida em sua escrita suave, e novamente, na ironia jamais agressiva de suas palavras.

Ouça em alto e bom som: The Mars Volta - Widow

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