segunda-feira, março 21, 2005

O ensaio de uma identidade

Postado por Elisandro Borges

"Eu sou o que eu amo, não o que me ama"

Eu poderia parar esse exato minuto pra organizar as minhas coisas. Já parei pra pensar em tantas, enquanto esqueci tantas outras. Está tudo jogado por todas as partes e pareço não ter o controle, nem indício por onde começar. A inconstância tem me tirado o foco de qualquer parâmetro. E onde estão esses? Às vezes começo a ler um livro, pelo qual minha curiosidade faminta deveria devorá-lo sem pré-degustações, na fome de quem mata a espera longa. Mas páro, e começo a ler outro. Tenho me questionado o tempo inteiro por essas confusões e mais do que nunca, recomeçado, na intenção de encontrar um sentido. Tenho também a impressão de que minha vida é basicamente como esses livros que não sei definir o final e que perco a atenção, e logo em seguida me dá vontade de ler outro. Horas em que não sei se esperar é a solução, me sinto enganando o tempo com os cuidados de quem não quer ser percebido. Ainda assim, quero fazer acontecer, quero mover essa inércia. Vou depender de pessoas também, por isso tolero a espera. Não quero mais esperar. Vou ter que fazer a escolha sempre e assim sempre foi e assim vai sendo. Quando a cabeça está quente, ninguém vê o que está do lado, na frente ou onde quer que esteja a noção de espaço. Tempo e espaço. Essa seria a noção. São os investimentos de hoje. E quais seriam? "Eu sou o que eu amo e não o que me ama". Gostei dessa frase. Mas antes de ser, preciso sustentar minhas necessidades mais básicas. As contas não esperam. Quero brincar com a arte, saber entender uma música e sentir o gosto da comida, não quero ter pressa ao comer. Só quero namorar o que sou e imaginar o que ainda posso ser. Não há inclinação pra vida social agora em mim, sem antes o ensaio de uma identidade. Preciso definir quem eu sou ou o que sou e pra onde quero ir. Quantas vezes vou ter que nascer de novo?

Ouça em alto e bom som: Tom Waits - Dead Man Walking

| 1 comentários  

1 comentários:

  1. Anônimo Says:

    Ow, bacana teu blog. E brigaduuu por ter passado no aterro. Ah, o lance da revista bula, vc entra, vai em busca e digita carlos brandão. Daí vai aparecer a manchete da minha entrevista, que fala em aterro sanitário. Clica em cima e vc vai adquirir cultura pra carai. heheh. Beijão