terça-feira, março 29, 2005

Se-vilização

Postado por Elisandro Borges

... A linha divisória das duas espécies que compartilham uma parede, não é tênue, mas sim, praticamente imperceptível.

Vamos mandar benzer a vizinhança! Se vizinhos fossem cães selvagens, acabariam rasgando um ao outro no dente. Claro, abriremos quantas exceções forem necessárias, mas o problema surge quando a civilização bate à porta do esperado cidadão, e a mesma, volta angustiada sem resposta alguma. A linha divisória das duas espécies que compartilham uma parede, não é tênue, mas sim, praticamente imperceptível. Testemunhas não me deixarão falando ao esmo e desacompanhado, muitos sabem do que falo. Sons das mais diversas e inimagináveis origens, brotam da parede ao lado. Providências foram tomadas. Antigamente tínhamos que presenciar as intimidades que vazavam aos nossos ouvidos em alto e bom som, como que ironicamente querendo parafrasear o "ouça em alto e bom som" deste blog. Graças ao bom senso, o mundo está voltando aos dias para os quais nasci. E assim vou acreditando em tentativas...

Ouça em alto e bom som: Placebo - Pure Morning

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sábado, março 26, 2005

Tá chovendo agora

Postado por Elisandro Borges

... Ouvindo o chiado flutuar ao redor.

Tá chovendo agora. Já olhei lá pra fora e deu a maior preguiça de sair. É bom ficar em casa ouvindo o chiado flutuar ao redor. Assistir filme no escuro, e vou te dizer, mesmo sozinho também é bom. Vou dizer também que, quando a chuva passar, vou olhar pra fora e sentir o cheiro que ela deixa em tudo. A gente é feliz e não sabia, ouvindo o chiado flutuar ao redor.

Ouça em alto e bom som: Lighthouse Family - Loving Every Minute

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quarta-feira, março 23, 2005

Com ou sem alguém

Postado por Elisandro Borges

Gostar é ser feliz. Paixão é prender-se a alguém. É se perder em alguém. É perder de si mesmo. E se o amor for esse sentimento derivado da paixão, é amor acompanhado de sofrimento. Agora, amar de forma desprendida da paixão é provavelmente a melhor forma de amar alguém. E esse é o amor de quem ama a família, os amigos e de todos os que nos fazem bem! Não sei se deveríamos amar quem nos "mata", talvez entender em vez de amar, porque amar é um sentimento espontâneo, logo não gostamos de quem nos faz mal. Portanto sou feliz. Quero chegar até o fim da minha vida assim... Feliz. Vai, esquece o vazio. Acho que ele só aparece quando falta o amor próprio. Não tenho religião, mas acreditar em Deus é mais um motivo de estar feliz também. Tem gente que se sente bem sendo ateu. Que fique bem assim, então. Acho também que a gente não depende de um casamento pra ser feliz. Nem de um namoro. Pode ser que você seja feliz casado(a) ou namorando, mas isso não é nenhuma regra. Também não é regra tudo o que falei, muito embora sejam constantes os exemplos. Então, vai ser feliz com ou sem alguém. Pra mim isso é o que importa.

Ouça em alto e bom som: Audioslave - What You Are

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terça-feira, março 22, 2005

Sutileza

Postado por Elisandro Borges


Não consegui evitar a pérola do aviso que vocês podem ver ao lado. Ali temos alguns ovos de páscoa. Reparem bem na foto e leiam com seus próprios olhos! "Se você quebrar, vai pagar..." PUTZ! CARACA! Isso é lindo! E olha que não é nenhuma montagem. Surtei ao ver! Tive que voltar lá pra tirar essa foto. Nussa! Tenho que fazer um curso de marketing com esse doido! Hilário! Uh huuuuuu!

Ouça em alto e bom som: Tonic - Casual Affair

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segunda-feira, março 21, 2005

O ensaio de uma identidade

Postado por Elisandro Borges

"Eu sou o que eu amo, não o que me ama"

Eu poderia parar esse exato minuto pra organizar as minhas coisas. Já parei pra pensar em tantas, enquanto esqueci tantas outras. Está tudo jogado por todas as partes e pareço não ter o controle, nem indício por onde começar. A inconstância tem me tirado o foco de qualquer parâmetro. E onde estão esses? Às vezes começo a ler um livro, pelo qual minha curiosidade faminta deveria devorá-lo sem pré-degustações, na fome de quem mata a espera longa. Mas páro, e começo a ler outro. Tenho me questionado o tempo inteiro por essas confusões e mais do que nunca, recomeçado, na intenção de encontrar um sentido. Tenho também a impressão de que minha vida é basicamente como esses livros que não sei definir o final e que perco a atenção, e logo em seguida me dá vontade de ler outro. Horas em que não sei se esperar é a solução, me sinto enganando o tempo com os cuidados de quem não quer ser percebido. Ainda assim, quero fazer acontecer, quero mover essa inércia. Vou depender de pessoas também, por isso tolero a espera. Não quero mais esperar. Vou ter que fazer a escolha sempre e assim sempre foi e assim vai sendo. Quando a cabeça está quente, ninguém vê o que está do lado, na frente ou onde quer que esteja a noção de espaço. Tempo e espaço. Essa seria a noção. São os investimentos de hoje. E quais seriam? "Eu sou o que eu amo e não o que me ama". Gostei dessa frase. Mas antes de ser, preciso sustentar minhas necessidades mais básicas. As contas não esperam. Quero brincar com a arte, saber entender uma música e sentir o gosto da comida, não quero ter pressa ao comer. Só quero namorar o que sou e imaginar o que ainda posso ser. Não há inclinação pra vida social agora em mim, sem antes o ensaio de uma identidade. Preciso definir quem eu sou ou o que sou e pra onde quero ir. Quantas vezes vou ter que nascer de novo?

Ouça em alto e bom som: Tom Waits - Dead Man Walking

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sábado, março 19, 2005

Deixa ser

Postado por Elisandro Borges

Nada de errado. Certo? Por que você me faz essa pergunta? Por quê? Eu sei o porquê. E qual é? Você se subestimou. Quando? Quando disse que foi só mais um. Ser mais um não é problema nenhum e eu nunca soube rimar. E o que foi isso, então: ser mais um, não é problema nenhum? Essa foi sem querer. Então quer dizer que você foi mais um sem querer, correto? Talvez. Sabe, eu não sei ser mais um e depois não tenho lá muita intimidade com travessões, tampouco com pontos e víruglas. E daí? Pára com isso, não é pra pensar assim. Você teve o seu tempo e ainda vai ter muito pela frente. Mas me conta o que vem pela frente. Não, isso eu não sei, não vou saber até que você me conte quando o dia chegar. Que dia? Pára de dar uma de Joãozinho sem braço! Tô falando sério, que dia? O dia em que você parar de pensar no que vai acontecer, deixa ser assim, no compasso. Descompasso, talvez. Então deixa ser.


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sexta-feira, março 18, 2005

Velho Tarado

Postado por Elisandro Borges

Até que ponto vai a libido, hein? Estava eu andando pelas ruas do centro da cidade, quando vejo um senhor em torno de seus 90 anos, quase tendo uma torção no pescoço pra olhar a bunda de uma mocinha que passava por ele. Que eu a metade da força desse velho tarado quando eu chegar à essa idade. Mas que eu seja ao menos um pouco mais discreto...

Ouça em alto e bom som: Papa Roach - Not Listening

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quarta-feira, março 16, 2005

Transferimento¿¿¿

Postado por Elisandro Borges


Não basta ser brasileiro, ler bons livros, cultuar célebres e costumazes colunistas de jornais de ponta ou ainda alimentar uma singela curiosidade pelo português bem utilizado, que atos falhos um dia irão sabotar em gafes e deslizes o mais profundo pedante que vos enrola em ligeiras aliterações. Tive a capacidade de perguntar à uma atendente de um banco, se eu deveria digitar a mesma senha que eu costumava usar para "transferimento". Cataclismos! Vejam bem, TRANSFERIMENTO!!! Tamanho disparate não poderia ter sido vomitado por minhas dissonantes cordas vocais. Que vergonha! Tentei jogar uma "transferência" logo em seguida, mas o estrago já estava feito. Acho que houve só uma testemunha, a própria atendente, espero. Aliás, agora fudeu. Já é manchete!!!

Ouça em alto e bom som: Zeu Britto - Soraia Queimada

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terça-feira, março 15, 2005

Pra dentro de mim

Postado por Elisandro Borges


Eu nunca quis te machucar e um dia a gente acaba falando ou fazendo isso. Um dia... É estranho acordar sem te ver aqui do meu lado, te confesso. Confesso tudo o que você quiser, mas acho que já disse tanto, que muitas vezes prefiro me calar. Ainda estou muito longe de aprender a me relacionar com alguém e o meu egoísmo continua assim, gritante, insuportável até. Muitos não querem ficar sós, mas no meu caso, a história tem se repetido ao longo desses anos. Acho que me acostumei a essa insuficiência. Insuficiência de ser ao menos o mínimo para o outro - o que seria talvez quase nada, mas não é. Cruel dizer isso, pior pra quem sente na pele. E não é de propósito. Faz falta ouvir sua voz e sua presença pela casa ninguém substitui. Sei que machuca, mas não consigo evitar. Não consigo evitar de ficar só. Não consigo evitar. Falo por hoje, não garanto o que vem depois. O que vem depois é sempre incerto. Ora ou outra, você me pergunta se tenho medo. Digo que não. No fundo quando penso, percebo que o maior medo sempre foi de mim mesmo, e assim você absorve, passa também a ser seu o medo. Não quero isso. Deixe essa sensação só pra mim. Uma hora me curo. Fica bem. Não vou a lugar nenhum, a não ser pra dentro de mim.

Ouça em alto e bom som: Massive Attack - Inertia Creeps

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sexta-feira, março 11, 2005

Mudanças no brogue

Postado por Elisandro Borges


Pronto, resolvi mudar esquisito! Os comentários, gritos, quaisquer que sejam as bajulações, sermões ou apenas "ois", terão um espaço único e indiscriminado ali ao lado direito. Não posso negar que fico muito feliz quando vejo alguém deixando um sinal de vida.

Há braços e reverências!

Ouça em alto e bom som: Faith No More - Ashes to Ashes

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terça-feira, março 08, 2005

Estranho aos nossos modos

Postado por Elisandro Borges


Aquele homem caminha ao final de todas as noites, logo enquanto todos sonham. Caminha pra respirar o ar solitário das manhãs que ainda não despertaram. O café amargo lhe desfaz o sono inerte e toca suas vontades mais subversivas. Ninguém o vê sair, com exceção daquela senhora do sétimo andar que nunca apaga a luz para dormir, se é que dorme sequer, e do louco que os conta meias verdades. Sob os olhos da mulher vivida, ele finge não notar que está sendo observado do alto. E parece ser do alto a origem de todas as suas ânsias, lugar extremo onde mantém sua incansável mania de dar bom dia ao sol.

Quando todos acordam, ele some. Não existe mais o personagem de imaginações ingênuas durante os gritos da cidade inquieta. Sua paciência seria notável se pudéssemos vê-lo nos dias banais de quem paga suas contas. O engraçado é que aquele homem nunca se deixou morrer. Estava ficando velho, no entanto possuia a memória suficiente o bastante para espanar as poeiras de sua mente. Não sei se alguém o conhece, é estranho aos nosso modos. A senhora do sétimo andar um dia conseguiu cruzar o seu caminho, só que esmoreceu ao tentar qualquer sorte de contato. E ele passou. Passou pela primeira, e talvez última vez.

Ouça em alto e bom som: Los Hermanos - Cara Estranho

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domingo, março 06, 2005

Descontrole

Postado por Elisandro Borges


Ela entende sua língua. Não o questiona por nada e tampouco demonstra a menor curiosidade por suas fraquezas. Não é preciso ser curiosa quando se sabe. Comunicação verbal seria redundância pra quem basta o jeito de olhar. Ela te acerta assim, sem fala ou esforço algum. Não dá pra fingir o descontrole. Voluntariamente preso à ela, você tem a liberdade mais generosa que te poderia acontecer.

Ouça em alto e bom som: Cake - Short Skirt, Long Jacket

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terça-feira, março 01, 2005

Dormente

Postado por Elisandro Borges


Minhas vontades egoístas só te alimentam o tédio. Fico pensando que talvez não devo administrar bem o tempo, dois nunca são um e nunca serão. Eu não sou capaz de ser completamente eu quando penso em você. Alguma parte vai ter que ficar sufocada e dizemos então que abrimos mão disso ou daquilo. Sufocar as vontades antigas e adquirir hábitos novos, porque é preciso satisfazer o outro. Mesmo que isso signifique esquecer os próprios caprichos. Pode ser. Aquele que esquece a si mesmo deve ser a melhor companhia, pois vai estar sempre a postos do outro. Eu sei que exagero em quase tudo, mas ouvi você falar em solidão acompanhada.

Foi um choro, é verdade, você chora, sente saudades... Saudades. Saudade não se conta nos dedos, não sei então por que vai para o plural. Escuto o seu nariz escorrendo aqui bem perto de mim, é você chorando baixinho no escuro. Não consigo mais chorar por nada. Acho que nada me comove. Acho que não consigo sentir mais pena de ninguém. Não sei qual é a dor do outro, mal sinto a minha. É estranho estar dormente por esses cantos. Me sinto nulo nesse minuto. Não existe expressão alguma no rosto, meu rosto, é claro. Agora desligo a música que me alegrava pra te dar sossego e porque você assim pediu. Amar. Amar é também se acostumar. Amar é ter muita paciência. Amar é muito mais do que penso, é talvez muito mais do que sei oferecer.

Ouça em alto e bom som: Los Hermanos - Sentimental

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