quarta-feira, fevereiro 02, 2005

A propósito, o propósito

Postado por Elisandro Borges


Ela se agarra como louca no começo, mas dez minutos é a tolerância máxima. E então, os dois querendo dormir, viram-se de costas um para o outro no ato individual de cair no sono. Quando acorda, o beijo selado e discreto evita de engolir a seco o gosto amanhecido. Tem coisas que nem a cumplicidade de velhos amores é capaz de suportar. O bafo matutino é teleguiado, impiedoso e surpreende inexplicavelmente até mesmo as mais congestionadas narinas. Não há ataque de rinite que impeça tamanho estrago.

Talvez ainda não tenhamos aprendido a amar com o nariz em horas desfavoráveis. Odores, cheiros... Gostos também entram em questão. Não sei se isso seria mais agravante que um sonoro ronco ao pé do ouvido. Descobri por ela que ronco, e não há mais pra onde correr. Agora ela sabe. Decerto escondia de mim, ou ao menos tentava amenizar a brutal verdade. E o que importa? A propósito, o melhor de tudo ainda está aqui: o propósito - amor - tão fundamental quanto sexo.

Ouça em alto e bom som: O Rappa - Linha Vermelha

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