segunda-feira, maio 24, 2004

Maré russa

Postado por Elisandro Borges

Nesse momento estou feliz, daqui a pouco vou estar triste, mas depois estarei feliz de novo, e depois triste, e depois feliz...

Isso tá parecendo brincadeira de “bem me quer”, “mal me quer”. Espero que a mesma termine em “bem me quer”, é claro. Essa constante oscilação entre altos e baixos é uma realidade praticamente imutável. Já ouviu falar em maré Russa? É exatamente isso que você tá pensando, é a mistura entre montanha russa e as marés que enchem e esvaziam o nosso território. Acho que o único e último ser inexoravelmente feliz é o bonecão do posto mesmo. Eu ia falar do pinóquio - aquele bicho de madeira ordinário e literalmente cara de pau, mas aí lembrei que na verdade ele é completamente frustrado por não ter virado gente, enquanto que o bonecão do posto não tá nem aí pra isso.

Sabe de uma coisa, já estou enjoado desse papo superficial de felicidade e de todos os textos ou cursos que tentam ensinar passo a passo com você os segredos de como ser um trequinho feliz, sem mencionar e já mencionando as diversas opções de pagamentos facilitados. Só falta irem receber em domicílio.

Não consigo mais ler manuais de autodestruição, ou melhor, de auto-ajuda. Hoje, qualquer migalha com o título: “Seja uma pessoa feliz em 10 dias e conquiste o seu próprio sucesso”, tem o poder de me dar dor de barriga, daquelas que nem elixir paregórico é capaz de curar. Acho podre qualquer tipo de clichê, se bem que às vezes me agracio com a infelicidade de ser o próprio em pessoa.

Em suma, nem mesmo os mais pragmáticos religiosos são felizes o tempo todo. Não adianta falarem que aquele vazio que sentimos é falta de Deus no coração, porque eles também são irmãos dos homens do mundo, e da mesma forma, sentem tristeza ou felicidade de acordo com o que vivem em cada situação. Chega de conversa. Deus nos fez seres humanos, e isso já é o bastante para responder quase todas as incógnitas a esse respeito...



Ouça em alto e bom som: Placebo - Where is my mind

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